segunda-feira, outubro 23, 2006

E sinto!

Como são pesados os sentimentos que em mim se aninham...
Dura a saudade que chega antes do tempo ou da distância...
São pedaços de mim que não controlo.
São coisas que sinto e que em mim se isolam!
Sei que tão forte é esta dor como o sentimento que ferve em mim e me consola a alma. Esse que a afirma e me diz que estou viva.
Sim é esta a forma de existir!
Não deambulo no tempo sem razão ou sentido. Sou um ser que sente e prova dos sentimentos mais afastados e mais próximos da felicidade.
Sou, existo e sinto!

domingo, junho 11, 2006

As coisas que eu sinto, as coisas que eu penso...

As coisas que eu sinto, as coisas que eu penso...
Olho para trás e vejo-me criança descobrindo o mundo, brincando pelas ruas, saltando, dançando. Vejo-me a viver os dias um a um, sem pensar ou sequer imaginar que havia sempre mais um amanha. A nódoa negra na perna, os arranhões nos braços, as lágrimas de birra, as bonecas que sofriam os meus descuidos inocentes, as paredes e os livros que eu riscava... Lembro-me como era fácil sorrir, como tudo me parecia simples de sentir. Queria ser grande como a minha mãe, queria ser adulta...
Fui crescendo! A escola, os amigos, eu... tudo foi mudando e assim eu fui crescendo. Defini valores, ideias, sentimentos, fui fazendo escolhas, sofri e fui feliz. Olho para trás e tento não pensar nas lágrimas, mas se hoje sou assim foi porque existiram, como não pensar nelas?
Hoje o futuro bate à porta todos os dias. O mundo passa a correr e esquecemo-nos de viver só para o seguir. Queria ainda sentir o cheiro dos dias, ter tempo para brincar, sonhar, andar pelo mundo de mãos dadas com a calma e a segurança, conviver e conhecer as pessoas. Tomara sermos todos crianças...
As coisas que eu sinto, as coisas que eu penso...
Sofro pela solidão que descobri em mim... O mundo não gira à nossa volta, como em criança se pensava, nós é que giramos à volta do mundo. Sou infeliz por descobrir a vida como ela é. Sinto necessidade de crescer, mas medo de não mais sentir a simplicidade de ser criança. Gosto de amar, mas temo a infelicidade e a dor. Quero ser mas receio cada erro que cometo. Sou crente nos meus valores, mas não sou perfeita e não consigo cumprir a minha vontade de ser...
Como é difícil esta forma de vida que inventaram para o mundo.
Primeiro nascemos e somos dependentes de tudo e de todos e depois ensinam-nos a abandonarmos essas necessidades e a enfrentarmos o mundo como se estivéssemos sozinhos. Há uma contrariedade no conceito de sociedade que é vivido entre nós. Por um lado vivemos em grupos que se sustentam uns aos outros, económica e culturalmente, mas por outro somos indivíduos solitários que sentem e vivem cada um a sua vida de uma forma cada vez mais isolada. E nós criamos esse isolamento... O que somos nós ao certo? Para onde caminhamos? Eu não quero caminhar sozinha... Porque não posso optar?
...ai as coisas que eu sinto, as coisas que eu penso!

segunda-feira, maio 29, 2006

Duas vozes

Ouço, baixinho, duas vozes cedentas de domínio que se tentam ofuscar numa oposição de ideias e valores enrolados na sua própria razão. Silênciam-me e fazem descarrilar todos os meus sentidos e sentimentos. Perco-me no balançar constante em que me vejo, de um lado para o outro ouvindo essas vozes que me querem sem se quererem uma à outra. Fico louca, descontrolada! Vejo em mim a sombra de quem se quer libertar, o vulto esquecido de quem se procura na imensidão de seres que desequilibram a mais profunda resistência. As armas de quem esquece as certezas e, se afunda num enredo de dúvidas que penetram a carne, correndo no próprio sangue derrotado.
Uma neblina escura e pesada, que à minha volta dança como se me esperasse em festa, enfraquece os meus olhos desviando-me de mim mesma. O tempo não existe e a minha alma agarra-se às lembranças como uma ancorâ que me deixa em porto seguro. Afasto-me para não ter que lutar contra as vozes que lutam por mim e abandono-me à esperança cravada no meu peito como um punhal que elimina em mim toda a cobardia dos meus sentimentos...
Acredito e receio acreditar. Duas vozes que em mim se insinuam como o meu ritual de existência. Eu mesma em dois contos intemporais que me esgotam e atormentam com apenas duas vozes...

quarta-feira, maio 03, 2006

Equilíbrio do nada

Nada... Uma ausência de algo.
É por existir que se pode dizer que não existe, e que é nada. No fundo nada é um pouco de tudo que pode ser, num certo momento, nada.
Conceito que contém sem conter...
Quando nada existe é porque algo existe para poder não existir.
E assim se cria esta palavra...

Um oposto de sentido que só assim se define. Um dos opostos como todos os outros que nos criam. Sim, porque somos um conjunto que se equilibra. Existem sempre dois lados e um sem o outro não existe. Entre matéria e energia tudo se parece compreender entre dois lados que se complementam.
Entre o frio e o quente posso encontrar um "meio-termo". Mas será este o mesmo que para outro qualquer ser? Penso que não. Somos todos diferentes, mas acredito que existirá um outro ser que terá um meio-termo oposto ao meu e, assim, se equilibre com ele. E nos sentimentos? Também existem "meios-termos". Também somos diferentes e identificamo-nos com "meios-termos" diferentes. Acredito que a vida tenha sido fabricada com esta fórmula. O equilíbrio da matéria e da energia. E insisto que nada permanece sem equilíbrio e, se assim acontece, é porque tudo tem o seu equilíbrio. Novamente, tendo em conta que nada existe só porque algo existe para poder não existir.

Eu acredito no amor, mas também sei que o ódio tem que existir. Acredito na alegria, mas sei que esta não existe sem a tristeza...
Seria um mundo perfeito sem dois lados para cada coisa?
Penso que não...
O mundo seria metódico e constante. Porque estávamos em pleno equilíbrio e nada poderia mudar, porque não tinha sequer no que mudar. Deixava de existir vida e seríamos um simples cenário estático, como uma tela perfeita em que a pintura se manteria exemplar para todo o sempre. Saborearíamos apenas a noite ou o dia, sem sequer ter consciência de nenhum deles porque não sabíamos que existiam. O mundo deixava de se mover, nada se criava, nada se movia. Nada como um conceito puro e sem sentido. Porque na verdade nada existia. Um nada que não continha a ausência de algo, porque tudo existiria, assim mesmo, sem poder sequer deixar de existir.

Era estranho... E parece impossível!


segunda-feira, maio 01, 2006

Que estranhas palavras

Que confusão amar...
Que confusão sentir o medo de ter e o de perder.
Que sentimentos fortes e fracos me invadem.
Que revolução de ser e existir em mim se gera,
Que dúvidas me assaltam e detonam, em mim, a minha insegurança...
Estranho mundo de emoções,
Ardente certeza das incertezas
Calma inquieta que quer ser só por ser.
Sinto que me enfraquece e me conquista,
Consome em mim a minha paz
Derrota-me com um sorriso
e destrói-me num longo silêncio.
Quero e entrego a minha voz a essa vontade
Dispo a minha alma e o meu corpo
Só quando espreita o frio me contenho
Sou, mas deixo de ser porque receio.
Desajeitada forma de amar
Como todas as outras que conheço
Sincera e perdida em confiança
Temendo o passo que tomba em direcção ao vazio
Doidas, sedentas e ambiciosas formas de pensar e de sentir
Corações que batem e que se cansam
Vontades que lutam e se enfrentam
Saudades, carências e luto do tempo
Que palavras tão vagas e tão sentidas
Que discórdia de vida e de caminhos
Que sabor suave que se sente
Que segredo amar sem saber...

domingo, abril 23, 2006

Mundo egoísta...

Sinto que tenho que aprender que não somos todos iguais. Não que, por norma, não respeite as diferenças entre as pessoas, as ideias distintas, as experiências personalizadas, mas, porque tento sempre ver nos outros os valores que eu assumo como universais.

Aqueles bons sentimentos com o próximo, a ajuda desinteressada, a impotência de cometer até as pequenas maldades, todas e mais algumas outras atitudes que se deviam ter em sociedade, são as coisas que eu tenho que perceber que não são adoptadas por todos os seres que me rodeiam.

Eu não consigo imaginar que existem pessoas que agem puramente conscientes de que estão a invadir o espaço dos outros, desrespeitando-o. Uma coisa é possuir determinados defeitos e, por vezes cometer erros, outra é cometer erros egoístas que ignoram os direitos do próximo. Eu sei que essas pessoas existem, mas custa-me acreditar.

Tento sempre procurar outras hipóteses para justificar um erro de alguém sem ser a pura maldade ou egoísmo, mas cada vez mais me apercebo que o mundo não é assim. A maior parte da sociedade vive em seu proveito independentemente do bem-estar dos outros.

É um mundo egoísta! E eu tenho que aprender a não me sensibilizar tanto com isso. Tenho que perceber que somos todos diferentes. Para mim, é inconcebível esse tipo de atitude social, para muitos é completamente normal e natural que assim seja. São modos de vida e não posso julga-los. Lamento, questiono, e pouco mais devo fazer.

“Cada um sabe de si…”

sexta-feira, abril 21, 2006

Quero-te muito!

Estavas calado em mim como um segredo. Simplesmente existias como cada ser que existe ao meu redor. Podiam passar os dias e as memórias, mas estavas presente...

Certo dia olhei para o meu caminho e encontrei a tua voz, o teu olhar, o teu corpo. Senti o calor do teu abraço e senti a falta dele, quando o não tinha. O desejo surgiu como uma chama que sempre tinha ardido, mas que nunca se tinha desvendado. Os dias em que me faltavas começaram a ser gelados e pareciam não ter fim. Perguntava-me porque me queimavas e logo me gelavas, porque me fazias rir e logo me fazias chorar... As perguntas surgiam, as dúvidas cresciam e eu sentia-me perdida em sentimentos, desejos e vontades que não controlava. Seria um mal incurável, ou um bem que me vinha curar?

Fingi seguir, enquanto fingia desistir. Balançava num ir e vir entre esperanças e receios que me consumiam. Mas a tua presença cada vez era mais forte e a tua ausência cada vez mais dolorosa.

O teu olhar de sinceridade, a tua pele, a tua voz conquistou toda a minha confiança e resolvi entregar-me à luz que juntos conseguimos criar.

Hoje, desfazem-se as dúvidas que me fizeram errar. Entrego-me, e dou de mim para ser tua. Sou inteiramente eu, porque me mostraste como sou. Antes de ti eu era cega e não via o quanto me isolava, o quanto me recusava a mim própria. Eu era céptica de mim e ocultava a minha voz. Agora consigo ver o quanto estava enganada...

Quero que encontres em mim o teu refúgio, que te deites no meu corpo e que te combines com ele. Quero ser a tua paz e a tua desordem. Quero partilhar contigo os meus segredos. Quero sentir-te, cansar-te de amor, conhecer o prazer e perder-me em ti. Quero olhar-te nos olhos e conhecer-te, quero brincar e crescer contigo. Quero ser tua amiga e tua amante. Quero estar lá sempre que precisares, quero ser a tua chata, a tua riqueza...

Quero-te muito!

quarta-feira, abril 05, 2006

A dor!

A dor não pergunta se pode entrar, simplesmente entra. Assim como não pergunta se pode sair. O sentimento aproxima-se e toma conta dos nossos sentidos, da nossa razão e consome um pouco de nós durante a sua estadia. Cada ser reage à sua presença de uma forma personalizada variando, portanto, a intensidade da dor em cada ser. Ele existe de tantas formas que nem sempre dá para perceber a sua presença e por vezes é preciso algum tempo para se sentir que uma certa dor nos incomoda.
A desilusão, a frustração, a separação, são alguns dos sentimentos causadores de dor. Em momentos da nossa vida somos confrontados com eles e a dor instala-se como um parasita. Torna-se difícil decifrar a razão e quanto mais cegos ficamos, mais receptivos à dor nos encontramos.
Apesar de tudo, é o momento em que, se bem aproveitado, podemos reaproveitar cada sentimento e reciclá-lo criando a sabedoria. É da dor que nasce a experiência e a partir dela que se solidificam as bases para vivermos os nossos dias. Com ela crescemos e a partir dela abrimos a nossa mente e o nosso coração a novas perspectivas. Conhecendo a dor aprendemos a sentir o prazer de uma forma mais intensa. Assim como depois de um dia chuvoso nasce o sol, também após a dor se instalam os bons sentimentos.

domingo, março 26, 2006

Embriaguez...

A embriaguez... O estado alterado da nossa consciência. O mergulho profundo nas emoções e uma forma descoordenada de sentir.

É um ritual da noite boémia. Jovens e adultos envolvem-se nesta actividade como um convite à diversão. Pela noite fora vai aumentando o nível de álcool no sangue e toda a desinibição que este provoca aumenta assim a sensação de bem-estar e auto-confiança. Torna-se mais fácil envolver-se socialmente e a alegria instala-se como um presente desse estado.

-Um engano de consciência ainda consciente, de que a perca de consciência nos pode fazer mais felizes. -

Não consigo negar que a euforia que nos provoca a embriaguez é bastante aliciante. Naqueles pequenos momentos podemos inventar a nossa realidade, e naturalmente que escondemos temporariamente da nossa memória possíveis realidades problemáticas que poderiam afectar a nossa felicidade artificial. Pode-se ver como um refúgio temporal do quotidiano e pode-se ver como cobardia, a tentativa de ignorar essa realidade.
Falo da embriaguez desportiva, isto é, aquela embriaguez que se procura para uma saída à noite com os amigos ou para uma ida à discoteca, por exemplo. É muito pequena a percentagem de pessoas que saiam à noite sem consumirem bebidas alcoólicas. Será que se não existisse essa opção de diversão sairiam menos pessoas nas noites habituais de boémia?

A mim, parece-me que o encontro nocturno se resume a conhecer pessoas com a intenção de conquista e a beber "uns copos" com os amigos. O facto de, maioritariamente, andarem todos no "engate", o álcool acaba por ser uma boa opção, visto que este ajuda a desinibir. Entristece-me saber que é um facto quase certo de que esta é a definição para muitos de uma boa noite de boémia. Poucos se interessam em partilhar ideias, discutir assuntos do mundo, da vida, em procurar chegar a casa com um pouco mais de conhecimento... As conversas são curtas e de pouco interesse e apesar disso as pessoas conhecem-se, criam opiniões uns dos outros e muitos ainda conseguem ter relações mais íntimas.
É um mundo estranho... Pouco se aproveita. E a embriaguez torna-se um mal quando existe como uma necessidade de socialização. Se assim não fosse, não seria tão grave...!

quinta-feira, março 23, 2006

Vontades...

Vontade de imergir em sonhos que fazem de mim louca, livre, espontaneamente eu mesma num curso sem destino certo. Vontade de voar pelas ideias vagas de meu pensamento, vontade de me soltar, vontade de existir, vontade de ser. Eu, meu corpo e minha essência. Meus desejos e minhas dúvidas. Um ser naturalmente criado pela sociedade e pela reflexão de existir. Um ser que se opõe e que disputa a razão com as emoções. Eu sobre os braços de uma árvore despida que espera a Primavera...
Fecho os olhos e tento existir apenas com os olhos do meu coração. Deixava de comer, de respirar só para sentir essa liberdade de ser. Deixava para trás a vida que supostamente tenho que viver para viver a vida proibida. A vida em que não existe rubricas de perfeccionistas, em que se semeia o amor como alimento de cada dia e em que os erros não sublinham cada passo mal dado. É um sonho sonhar que poderia navegar por esses caminhos... É um sonho sentir estes impulsos guerreiros de meus desejos...

Por entre as imagens que meus olhos me mostram tento desenhar todas aquelas que lhe são desconhecidas. Os caminhos que vejo à minha frente são traçados pela minha coragem e pela iniciativa de os conquistar. Pouco posso observar aqui sentada neste caminho que é o meu. Escuto baixinho a ordem para acordar. A ordem, a imposição de seguir os caminhos que me esperam... Mas uma estranha rebeldia esboça em mim uma vontade de fingir que não escuto. Apetece-me não ouvir... Só desta vez, só neste momento. Apetece-me continuar a sonhar... Sonhar até onde o sonho me conseguir levar...

quinta-feira, março 16, 2006

Livre!

De cada vez que escrevo, deixo soltar, em cada palavrinha, um pouco dos sentimentos que fervem em mim por algum motivo. Posso simplesmente falar da vida, do que observo, do que concordo ou discordo, de mim, dos outros, mas em cada palavra que deixo pousar sobre os meus textos, deixo também pingar emoções que a temperam de sentido, mais até do que o seu próprio significado.
Por vezes escrevo e escrevo, como se eu estivesse sobrelotada de sentimentos e pensamentos que preciso de soltar e organizar. Agora, noutras alturas as palavras não me saem. Ficam fechadas em mim como se não quisessem sair. Nesses momentos chego a sentir um vazio de ideias ou de emoções, como se não tivesse nada a dizer.
Cada vez que escrevo é como se a minha mente desenhasse as palavras. Como tinta, ela usa todos os pensamentos que a percorrem, e quando termino, sinto que a tinta se gastou. Sinto-me mais leve e orientada! Nesse instante não me importo nada de não conseguir escrever. Sinto-me bem comigo por não haver mais nada a dizer, porque isso representa que já disse tudo quanto que precisava. É como uma viagem pelos céus. No inicio existe mais força do que a que é precisa para bater as asas e no final da viagem, depois de contemplar todas as maravilhas dos céus, depois de alimentar o corpo e a alma, o cansaço já não incomoda. Apesar de já não se conseguir bater as asas o momento já não é invadido pela frustração mas sim pela satisfação e realização.
É assim que me sinto! Livre enquanto escrevo e realizada quando escrevo.

Não sei...

Este céu não é o meu
Esta luz não é a minha
Faço do vento a minha tempestade
Refresco os meus pensamentos na chuva intensa que me arrasta

Divino sol que me conquista
E mero acaso da tristeza
Forte turbilhão de ideias
Que desce devagar por entre a noite

Caio sem brilho ou sonhos ou desejos
Afundo-me nos pântanos da minha vontade
Embalo o sono com o bater da chuva
E fecho o olhar da mente num instante

Esta noite que não é minha
Acorda em mim como um segredo
Desfaz-me e mistura-me com o suspiro dos céus
Que se escuta no meio da tempestade.

São loucas, são fortes, são vivas
Estas lágrimas do céu que me encharcam
Essas lágrimas que apagam as cores
Que navegam por caminhos esquecidos

É uma voz dos céus que me perfura as emoções
Com sons da chuva e sons de vento
Fúria dos céus ou pura magia
Que em mim se inventa, em mim se cria...

sábado, março 04, 2006

Tendência para errar o caminho!

Existe uma tendência enorme
para nos inclinarmos para a dor. Comemos o que nos faz pior e tiramos desses
alimentos bastante prazer, temos vícios que nos fazem mal e também obtemos
prazer deles, temos rotinas muito pouco saudáveis e conseguimos sentir prazer
nisso... A tendência para escolher os piores caminhos é tão grande que até
começo a ter dúvidas se esses caminhos não são só teorias.
Ás vezes, sinto
do meu coração os melhores dos melhores sentimentos, mas como por magia são
afectados pela escuridão dos meus caminhos. Facilmente encontro a luz e as cores
que me fascinam, mas logo me vejo afundada em lágrimas que abafam a essência
desse cenário imaginário. Tão bem que consigo ver o meu caminho como de repente
se ofuscam em mim as incertezas e tropeço nos meus passos acabando por cair. É a
tal tendência dos mortais de se encurralarem com as suas escolhas. De procurarem
o caminho e darem consigo perdidos na sua busca.
Hoje enublou-se no meu
olhar a dúvida! Tão bem que sinto o meu coração palpitar, soluçando versos de
alegria, como o deixo de ouvir. Tanta força e tanta fraqueza. Tanto amor e tanta
dor. Tantos caminhos sem saída. Tantas saídas sem caminhos.
Loucos são os
que caminham no abismo da escuridão assombrada pelo medo sem procurarem uma mão.
Eu não sou louca, não sou! Mas tentei ser!

quinta-feira, março 02, 2006

Porquê?

Hoje, sorrateiramente, as nuvens sobrepuseram o sol que sorria nos céus despercebidamente. O vento começou bem fraquinho ao início do dia e a pouco e pouco arrefeceu o ar e conquistou o seu lugar. A princípio, esta mudança, despertou em mim uma frustração pela ausência do azul nos céus e pelo frio intenso que me causou. Depois, sem me aperceber, dei por mim a admirar o céu negro e sombrio que parecia cair sobre mim.
Como o desprazer que me deu sentir a transformação do dia, também consegui sentir o prazer num sentido completamente oposto. Primeiro pensei em mim e no que me desfavorecia esta sombra nos céus e só depois, sem pensar, consegui olhar mais além e ver que não era de todo mau.
No fundo é assim que todos nós recebemos a realidade que nos rodeia. Muitas são as vezes que pensamos e criamos opiniões a partir do que nos faz mais ou menos felizes, sem tentarmos ver sem esse tal sentimento como base do nosso pensamento.
Tenho frio e isso incomoda-me! Mas porque partirei do principio que o dia frio é menos bonito que o dia de sol?
...Porquê?

domingo, fevereiro 26, 2006

Medo de nos conhecermos...

No decorrer da nossa existência procurou-se e procura-se estudar o comportamento humano de maneira a compreendermos melhor todas as nossas acções. Cada um de nós se estuda e estuda os outros e obtém resultados, muitas vezes sem os analisar. Estudar o comportamento humano só nos traz benefícios, mas é preciso encaminhar esta informação da forma mais correcta... Não acredito que estamos a conseguir tirar o melhor proveito deste conhecimento e capacidade.
As regras e leis para viver em sociedade são condicionantes do nosso comportamento. Ao limitarmos as nossas acções criamos logo um conflito na nossa mente. Não consigo ter certeza de que isso seja bom ou mau para a humanidade, mas que nos torna diferentes, torna! O nosso maior mal é deixarmos de pensar por nós mesmos e pensarmos pela maioria. A maior parte da população não tem opinião própria e tudo o quanto sabe e pensa é pelo que viu ou lhe mostraram. Não que isso seja totalmente mau, mas não será muita preguiça da nossa parte deixarmo-nos empurrar pela corrente e sermos lançados ao mar mesmo sem sabermos nadar? Falta-nos a reflexão. A reflexão de nós mesmos e dos outros. Falta-nos procurar as causas e os efeitos dos nossos pensamentos e acções. Investigarmo-nos e procurarmos a compreensão de um eu integrado num conjunto de eu's diferentes, mas que partilham das mesmas dúvidas, das mesmas necessidades e dos mesmos desejos. Como somos capazes de nos deixar flutuar a vida toda sem termos a curiosidade ou coragem de mergulhar no fundo do nosso ser? Se aprendêssemos a ver-nos como seres únicos e nos assumíssemos tal qual como somos sem termos que nos encaixar em estereótipos que nós mesmos criámos para limitarmos as nossas diferenças, provavelmente encontraríamos a paz que tanto precisamos... Poderíamos viver em harmonia e encontrar o verdadeiro significado do respeito pelo outro. Esse tal respeito que desrespeitamos logo quando nos limitamos a nós mesmos. Somos influenciáveis, dependentes e fracos! Nós fazemos de nós mesmos o cárcere da nossa existência. Criamos a guerra dentro de nós e depois vamos guerrear pelo mundo fora à procura de razões que justifiquem esses nossos erros. Simplesmente porque não nos conhecemos, simplesmente porque temos medo de nos conhecer...

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Pensar demais!

Que sensação estranha a de pensar... Que noção de ser, que inexplicável feito!
Somos e existimos como todos os outros seres, mas pensamos!!! Pode parecer ridícula esta minha observação, mas o que é afinal isto de pensar? Acumulamos informação, transformamos em conhecimento, temos a capacidade de criar emoções... É estranho, não consigo perceber bem o que é isso, como surge e porque existe.
Sinto-me completamente dominada pelo pensamento e gostava de ter um momento de paz "em meus pensamentos". Deixar de pensar por um bocadinho, era o ideal! Mas não é possível e isso faz-me ver que afinal é o pensamento que me controla. No fundo vivemos controlados pelo nosso corpo, pelas suas necessidades, e sendo o pensamento um efeito dele, é normal que assim seja. Mas não sei porquê continuo a achar estranho...
Sempre me posso dedicar à meditação e procurar encontrar um domínio do corpo e alma, o equilíbrio. Encontrar a minha paz interior... Mas conseguirei encontrar mesmo esse domínio? Ele existirá mesmo? Tenho dúvidas, muitas dúvidas!!! (obra do pensamento) E enquanto isso a humanidade continua dominada pelo pensamento... E talvez seja por isso que não consiga tomar as decisões mais correctas. Talvez!...

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Eu mesma...

O tempo passa pelas nossas vidas e com o seu decorrer cada vez somos mais nós. Temos um pouco de tudo o que o mundo nos foi revelando, mas as nossas escolhas fizeram-nos seleccionar o que queremos ser!

Sinto, em cada dia que passa, uma descoberta de mim e um assumir de virtudes e defeitos. Tanto consigo sentir uma tristeza imensa como uma alegria reconfortante. No fundo tenho que gostar da pessoa que me tornei, mas conseguirei fazer o equilíbrio dos lados escuros que possuo com os mais coloridos? Através das coisas boas, que sei que sou, consigo ter forças para seguir e avançar sem medo. Acredito nos meus valores e estou certa de que os tento seguir em todas as minhas decisões. No entanto, existe uma parte de mim que carrega a dor dos meus erros e defeitos que não consigo mudar, apesar da consciência deles. Sinto uma frustração enorme por não me ter tornado na pessoa que um dia sonhei ser, por ter deixado para trás sonhos que me preenchiam na troca de caprichos irresponsáveis que não dominei. Jamais esquecerei essas perdas... Não sei se o meu problema é não me perdoar... Mas tenho medo que o mundo também não me perdoe.
Tenho uma vontade enorme de me isolar como se me pudesse proteger do meu orgulho. O orgulho que me deixa estas marcas e que tenho tanta dificuldade de controlar.

São dias assim que me trazem a agonia de não conseguir. O medo, a frustração! Mas são estes dias que mostram como sou fraca e como preciso de mudar. Ainda nada está definido... Tudo está por decidir!

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

A nossa essência!

Pergunto-me qual a verdadeira essência do ser humano. Somos seres dotados de inteligência, mas não deixamos de ser animais. Simples animais que contém na sua essência o puro instinto de sobrevivência. Mas de que forma este instinto pode influenciar a nossa existência?

Desde sempre que vivemos em sociedade. Temos a necessidade de viver em grupos para nos adaptarmos e darmos continuidade à nossa raça. Sendo assim devemos adoptar certos comportamentos de cooperação e respeito uns com os outros para mantermos uma convivência saudável. No entanto, existe em nós uma competitividade que pode sobrepor esses valores de sociedade. Temos, de um lado da balança, os bons e saudáveis sentimentos e, no outro, os sentimentos destrutivos que, senão são bem equilibrados, podem gerar conflitos.

Existem, em várias outras espécies de animais, rituais de competitividade como o da selecção de um parceiro que possua as características ideais para a sua descendência ou pela luta de alimento. Por estes motivos, certos animais podem ir até extremos muito violentos, desde abandonar um membro do grupo ou mesmo matá-lo. É natural e faz parte da natureza!

E nós? Nós seres humanos? Até que ponto se podem admitir certos comportamentos entre nós? Quem somos nós ao certo e porque vivemos em constante guerra de emoções uns com os outros?

Não compreendo como conseguimos ter tanta maldade nos nossos corações. Somos animais com inteligência, mas não nos serve de nada quanto a termos que equilibrar a nossa balança. Caímos muito facilmente na tentação de errar... Por isso me pergunto se somos de natureza boa e nos estamos a envenenar ou se somos de uma natureza má e egoísta e andamos a lutar pela harmonia.
Dificilmente encontrarei resposta... mas vale a pena tentar!

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Parar de mudar?!

Podemos ser bem velhinhos e ainda estamos em constante mudança... Nem sempre se nota ou sequer se consegue mas, penso que isso depende do nosso espírito. Se for um espírito livre e que saiba ver para além do seu mundo parcialmente construído, nunca deixa de saber mudar, senão dificilmente muda.
Posso-me referir à fase de desenvolvimento mais notória de mudanças, que é a nossa infância, para comparar esta ideia. Quando somos crianças o mundo é-nos desconhecido. Sentimo-nos inseguros de tudo o que somos e sabemos dele. No fundo temos o nosso espírito aberto a novas ideias e a novos valores que vamos ou não aceitar, segundo aquilo que entendemos deles, e estamos receptivos à mudança, pois crescer é tentar sempre ser um bocadinho melhor do que somos, independentemente do desenvolvimento físico. O que acontece quando se chega a uma fase adulta, é que na consciência de cada ser parece surgir uma personalidade crente de que atingiu a sua maturidade e por isso o que não mudou para melhor já não mudará, e permanecerá ao longo da sua vida como defeitos. Eu não sou muito crente nesse pensamento e não acredito que a partir de uma determinada altura da vida deixem de poder acontecer mudanças de personalidade de forma a extinguir os erros e defeitos de cada um. Para mim, tal só a acontece porque o ser humano se deixa acomodar com o que tem e persuade-se a ele próprio de que já não é capaz e já não há nada a fazer.

Por experiência pessoal, tenho noção de que tal mudança, é bastante difícil de acontecer, mas não é impossível. E além do mais, torna-se dificultada pela falta de empenho e determinação de nós mesmos. De nós mesmos...

E no final de tudo, porquê? Se afinal cada mudança é uma luta para sermos melhores, porque temos tanta dificuldade assim de mudar?

domingo, janeiro 22, 2006

Acordar...

Todos os dias, se levanta o sol e faz o dia, e acorda parte do mundo para a mesma rotina de todos os dias. A luz trás aos olhos de muita gente a razão comum do abandono dos sonhos da noite para a breve sobrevivência diária. Para muitos é mais um dia em que se levantam para cumprir todas aquelas tarefas habituais de que não podem fugir. Para outros fica o peso de mais um dia em que deambulam pelo mundo numa busca constante de eles mesmos. Podia ser simplesmente mais um momento de conquista de algo bom e produtivo nesta terra que nos alimenta, mas sempre nos ensinaram de que é mais do que isso e acabamos por perder quando acreditamos nisso e não sabemos saborear o simples e pequenino sabor do momento. Com esse sol que se levanta todos os dias vêm as regras, os tabus, os ensinamentos e as tradições, enfim vêm as culturas diferentes batalhar pelo seu espaço. Queremos conquistar mais do que aquilo que precisamos para ser felizes e acabamos por não conhecer a felicidade... A paz que encontraríamos se nos deixássemos embalar pelo ir e vir desse sol sem nos preocuparmos com a sua representação e vivendo-o, apenas! Somos seres inseguros e influenciados baloiçando desorientados entre o sol e a lua sem o perceber.

Precisamos de acordar e não apenas fingir que acordamos!!!!

sexta-feira, janeiro 20, 2006

O vento é!

Pelo mundo fora procurando algo... Lá vai o vento empurrando árvores, ondulando o mar, cantando pelos vales... Como uma alma sedenta de vida como um alimento. Trás o frio do norte ou do centro o quente. Tem a solidão para o acompanhar mas nunca está só, entra pelas casas sem ser convidado, leva segredos e não os devolve... é vida de vento, é a sua sina!
Queria eu ser livre como vento. Poder viajar pelos recantos mais escondidos deste nosso mundo. Visitar as almas e entender seus males. Encontrar um sol que aquecesse a Terra. Colorir o mundo com as suas cores!
Falo de vento e falo de mim... O que é o vento de que falo e o que sou eu que me comparo? Mente adormecida em sonhos que não têm vida e nunca vão ter!
O vento rasga os céus procurando algo, eu rasgo a imaginação encontrando algo! O vento vive pelo mundo e por tudo vive, eu sonho tanto, tanto que em sonhos vivo! É real o vento que por tudo passa, eu nada conquisto, não saio do sonho, eu não sou real!

Música dos meus sentidos!

Música dos meus sentidos…
Música dos meus ouvidos,
Canto da minha alma...
Sentido da minha existência!
Ouço em silêncio as suas vozes...
E como ouço o silêncio dessas palavras...
Decifro esse soluçar de contos e melodias,
Decifro e encontro-me nesse silêncio... música dos meus sentidos!

terça-feira, janeiro 17, 2006

Folhas secas do Outono!

Folhas secas do Outono... Como adoro ouvir o barulho que fica dos meus passos quando as piso. Vê-las cair lentamente, voando com o vento até onde este as levar. Essas folhas já tiveram vida, outra cor e outra energia. Agora passeiam pelos caminhos e mesmo sem vida iluminam-nos com o desafio de as vencer. Só mesmo o Inverno para acabar com o prazer de poder pisar essas folhas secas do Outono. Pode ser estranho gostar tanto destas folhas e mesmo assim gostar de as pisar, mas não gosto delas apenas pelo barulho que fazem. Gosto da sua cor, da sua liberdade e de toda a sua impertinência de encher tudo com a sua presença. São poderosas! Atrai-me que elas tenham tornado a sua morte num momento tão belo. Morrem e tornam-se livres. Decoram a natureza e fantasiam o chão de árvores e as árvores de simples troncos nus e desprotegidos. Elas não são simples folhas. São as folhas secas do Outono!

Em passos leves...

Vieste lentamente, em passinhos bem leves, como se não quisesses vir... Não compreendia o porquê da tua chegada, assim desta forma, mas deixei-te chegar. Queria sentir o calor que me oferecias, queria arder, também, nessas chamas de vida que explodiam quando nos encontrávamos, mas os porquês chegavam como imperativos e criavam um sismo de emoções, avalanches de medos e dúvidas que me retraíam ao mais belo que podia viver.

Continuaste dando os teus passinhos apesar das quedas que espreitavam a cada avanço teu... Eu era como as nuvens no céu que não deixam passar os raios de sol, escondia o sol e escondia-me a mim própria. E além disso criava as tempestades, os trovões e fazia reinar a confusão.

Sempre fui assim! Nunca me deixei ir...

Um dia incerto olhei para dentro de mim, atravessei as minhas negações e vi-te lá. Nada me causava tanto medo como a presença de alguém no cantinho que tinha guardado só para mim. O único cantinho que continha a segurança do meu ser. Mas já lá estavas e naquele momento percebi que não queria que desistisses da viagem. Aquela viagem, apesar das minhas contradições, representava um passo para a minha libertação. Desejei-a! E todos os meus medos se reverteram para o medo de não conseguir complementar a viagem no sentido inverso. Na tua direcção...

Aprendi que a beleza do mundo não se restringe apenas àquelas paisagens cheias de cor e de vida, com céus azuis e campos verdes cheios de flores. Também pode chover! Relembro a gotinha de água que admirei num momento prematuro da tua existência na minha vida... Guardo esses momentos, mas também guardo as palavras duras que tive que escutar para aprender.

Deixei escorregar lentamente aquele véu que separava o mundo de mim e comecei a vê-lo melhor… Apesar de tudo mais ninguém me vê sem ele como tu consegues ver…

Quem és tu que vens com esses passos bem leves, com essas palavras tão certas, com essas mãos que me acariciam e com esse coração tão quente? Porque vieste?

Talvez não precise de saber… Basta-me saber que existes!

Sabores que perduram... ou talvez não!

Por mais que eu procure irradiar luz e certezas, sonhos e paixões, cores e vida, não consigo sair da sombra do que, em tempos passados, abandonou no meu olhar poções de tristeza e receios. Provei temperos que me deixaram o gosto amargo e ainda me custa saborear certos doces da vida. É como quando se começa a fumar e se perde o paladar das coisas... Em mim ficaram os medos e a paranóia de que tudo tem sempre contras e defeitos. Quando sinto bem perto de mim o aroma da felicidade, a vontade de a viver mistura-se com o receio de esta ser apenas uma ilusão e eu tornar a sentir aquele sabor amargo no meu coração. Temer assim o que me pode libertar, só me afasta do prazer e da paz de descansar eternamente estes receios. Fico presa a eles e por mais que a minha consciência os tente ignorar, a minha recordação regressa a mim como se nunca deixasse de ter existido e nunca se tivesse tornado no meu passado. Sei que uma queimadura de sol não regressa em cada nascer do sol... Não devo temer... Mas que faço eu? Acredito que a minha guerra com estas recordações terá o seu término quando eu me entregar completamente aos riscos e ao prazer... Poderei sempre sofrer, mas também poderei vencer! São riscos... E... "Quem não arrisca não petisca!!!!"

domingo, janeiro 15, 2006

Como sonho acordada...

Deixo correr o meu olhar por entre as montanhas escondidas neste horizonte. Vejo um infinito de cores que se misturam entre o branco da neve que as cobre, o verde que ainda recordo dos seus campos verdes, o azul e cinzento dos céus, a neblina do dia e o anoitecer alaranjado. Imagino para além deste Inverno que passeia pela minha paisagem e consigo ver todas as outras estações. Respiro o ar gélido que percorre os espaços que não são preenchidos por nada que eu possa admirar, mas que conhece tudo o que eu ainda não vi... Afinal é esse ar que anda por entre essas montanhas que o meu olhar admira ao longe e por todos os lugares que nunca vi. Ele entra dentro de mim e deixa um pouco do mundo em mim mesma. Dá-me vida e continua pelo mundo fora entre o quente e o frio, o dia ou a noite...

Eu preciso de todos estes sonhos que invento acordada para ser feliz... Gosto tanto de inspirar estes momentos mágicos como uma dose indispensável para viver. Gosto tanto de me imaginar voando sobre os meus sonhos na descoberta incansável da felicidade. Como se fosse um conto encantado... Mas esta paisagem existe, este ar que respiro também existe... Provavelmente esta felicidade que procuro também existe...

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Errar conscientemente

Hoje, ouvindo o mundo que me rodeia, pensando nele, observando-o, apercebi-me, mais um pouco, do quanto é reduzida a informação que vem até mim... Nem tudo o que vejo é exactamente assim... nem tudo o que escuto... O que mais me incomoda é aquela informação que não vem de um mundo qualquer, mas sim do meu! Falo de pessoas... como se pode calcular. Mas não apenas das outras pessoas mas de nós mesmos.

A humanidade sempre precisou de acreditar em algo que justificasse a sua existência. Sempre procurou razões, mitos, crenças... Acreditar é uma necessidade do ser humano e está presente na nossa história. Numa forma mais reduzida podemos ver que em cada casa existe uma necessidade de confiança, em cada coração existe sempre uma vontade inerente a nós de acreditar em alguém. Se o mundo nos mostra que tal não é possível resta-nos apenas acreditar em nós mesmos. Mas e quando não acreditamos em nós? Quando já nos enganámos tantas vezes que perdemos a nossa auto-confiança? Que resta de um ser que caia nessa situação?

È complicado errar e ter consciência que poderia ter sido de outra maneira... Mas no final de o erro estar feito não vale de nada pensar assim. A ideia é pensar, pela própria experiência e pela experiência observada nos outros, em não cometer erros... Não que sejamos perfeitos, ninguém o é! Mas é diferente cometer erros que não estavam calculados antecipadamente do que cometer erros que já sabíamos, à partida, de que eram possíveis de acontecer. Se eu sei que ao fazer "isto mais aquilo" certamente vou cometer um erro, não devo fazer. Parece fácil, mas é comum dos seres humanos fazerem este tipo de erros. De que nos vale esta tal inteligência se perante uma analogia tão fácil de fazer nos vemos constantemente desacordados com ela?

Não sou perfeita, ninguém o é! Mas a minha missão é acreditar que sou mais forte que as minhas fraquezas... Afinal são fraquezas, não são?

domingo, janeiro 01, 2006

O frio deste inverno!

O vento frio gela-me a pele, enquanto uma outra se mistura com a minha...
Aninho-me nas suas palavras enquanto suas mãos tomam conta do meu corpo, embalando os meus medos e entregando-me à magia...
Mais que o desejo, vibra agora um palpitar de corações nesse encontro carnal. Deixei bem longe os obstáculos que colocava e entreguei-me finalmente de corpo e alma à inquietação que é mergulhar num oceano de prazeres e possíveis perigos.
Lá fora a chuva cai e o céu cinzento esconde as estrelas que continuam brilhantes. As árvores despiram-se para receber estas lágrimas do céu e as suas folhas caídas no chão brilham sobre a terra molhada. O frio veio bem devagar por estas ruas. E todos o foram recebendo à sua maneira. Uns procuraram seus refúgios, outros se agasalharam... E os corpos que antes passeavam pelas ruas quentes de verão em trajes frescos e bem reduzidos, vêem-se agora dentro de casacos e casacões abrigados por chapéus-de-chuva de todas as cores e feitios. Eu aceitei o frio! Vesti um agasalho e dei as mãos à mais intensa fonte de calor... O amor! Deitei-me com ele e deixei o meu corpo nu e desprotegido entregue às suas receitas. Assim sobrevivo, assim ganho forças para permanecer junto aos corações mais gelados que o próprio tempo da rua, assim me encontro e insisto em me encontrar. Assim sou feliz!
E, assim, embebida pelas mãos que me abraçam e me aquecem, pelo corpo que partilha comigo o seu calor, pela voz que sussurra baixinho as palavras que me faltavam, sigo neste Inverno a caminho da primavera. Sigo sem medo... e sem frio!