domingo, abril 23, 2006

Mundo egoísta...

Sinto que tenho que aprender que não somos todos iguais. Não que, por norma, não respeite as diferenças entre as pessoas, as ideias distintas, as experiências personalizadas, mas, porque tento sempre ver nos outros os valores que eu assumo como universais.

Aqueles bons sentimentos com o próximo, a ajuda desinteressada, a impotência de cometer até as pequenas maldades, todas e mais algumas outras atitudes que se deviam ter em sociedade, são as coisas que eu tenho que perceber que não são adoptadas por todos os seres que me rodeiam.

Eu não consigo imaginar que existem pessoas que agem puramente conscientes de que estão a invadir o espaço dos outros, desrespeitando-o. Uma coisa é possuir determinados defeitos e, por vezes cometer erros, outra é cometer erros egoístas que ignoram os direitos do próximo. Eu sei que essas pessoas existem, mas custa-me acreditar.

Tento sempre procurar outras hipóteses para justificar um erro de alguém sem ser a pura maldade ou egoísmo, mas cada vez mais me apercebo que o mundo não é assim. A maior parte da sociedade vive em seu proveito independentemente do bem-estar dos outros.

É um mundo egoísta! E eu tenho que aprender a não me sensibilizar tanto com isso. Tenho que perceber que somos todos diferentes. Para mim, é inconcebível esse tipo de atitude social, para muitos é completamente normal e natural que assim seja. São modos de vida e não posso julga-los. Lamento, questiono, e pouco mais devo fazer.

“Cada um sabe de si…”

sexta-feira, abril 21, 2006

Quero-te muito!

Estavas calado em mim como um segredo. Simplesmente existias como cada ser que existe ao meu redor. Podiam passar os dias e as memórias, mas estavas presente...

Certo dia olhei para o meu caminho e encontrei a tua voz, o teu olhar, o teu corpo. Senti o calor do teu abraço e senti a falta dele, quando o não tinha. O desejo surgiu como uma chama que sempre tinha ardido, mas que nunca se tinha desvendado. Os dias em que me faltavas começaram a ser gelados e pareciam não ter fim. Perguntava-me porque me queimavas e logo me gelavas, porque me fazias rir e logo me fazias chorar... As perguntas surgiam, as dúvidas cresciam e eu sentia-me perdida em sentimentos, desejos e vontades que não controlava. Seria um mal incurável, ou um bem que me vinha curar?

Fingi seguir, enquanto fingia desistir. Balançava num ir e vir entre esperanças e receios que me consumiam. Mas a tua presença cada vez era mais forte e a tua ausência cada vez mais dolorosa.

O teu olhar de sinceridade, a tua pele, a tua voz conquistou toda a minha confiança e resolvi entregar-me à luz que juntos conseguimos criar.

Hoje, desfazem-se as dúvidas que me fizeram errar. Entrego-me, e dou de mim para ser tua. Sou inteiramente eu, porque me mostraste como sou. Antes de ti eu era cega e não via o quanto me isolava, o quanto me recusava a mim própria. Eu era céptica de mim e ocultava a minha voz. Agora consigo ver o quanto estava enganada...

Quero que encontres em mim o teu refúgio, que te deites no meu corpo e que te combines com ele. Quero ser a tua paz e a tua desordem. Quero partilhar contigo os meus segredos. Quero sentir-te, cansar-te de amor, conhecer o prazer e perder-me em ti. Quero olhar-te nos olhos e conhecer-te, quero brincar e crescer contigo. Quero ser tua amiga e tua amante. Quero estar lá sempre que precisares, quero ser a tua chata, a tua riqueza...

Quero-te muito!

quarta-feira, abril 05, 2006

A dor!

A dor não pergunta se pode entrar, simplesmente entra. Assim como não pergunta se pode sair. O sentimento aproxima-se e toma conta dos nossos sentidos, da nossa razão e consome um pouco de nós durante a sua estadia. Cada ser reage à sua presença de uma forma personalizada variando, portanto, a intensidade da dor em cada ser. Ele existe de tantas formas que nem sempre dá para perceber a sua presença e por vezes é preciso algum tempo para se sentir que uma certa dor nos incomoda.
A desilusão, a frustração, a separação, são alguns dos sentimentos causadores de dor. Em momentos da nossa vida somos confrontados com eles e a dor instala-se como um parasita. Torna-se difícil decifrar a razão e quanto mais cegos ficamos, mais receptivos à dor nos encontramos.
Apesar de tudo, é o momento em que, se bem aproveitado, podemos reaproveitar cada sentimento e reciclá-lo criando a sabedoria. É da dor que nasce a experiência e a partir dela que se solidificam as bases para vivermos os nossos dias. Com ela crescemos e a partir dela abrimos a nossa mente e o nosso coração a novas perspectivas. Conhecendo a dor aprendemos a sentir o prazer de uma forma mais intensa. Assim como depois de um dia chuvoso nasce o sol, também após a dor se instalam os bons sentimentos.