domingo, fevereiro 26, 2006

Medo de nos conhecermos...

No decorrer da nossa existência procurou-se e procura-se estudar o comportamento humano de maneira a compreendermos melhor todas as nossas acções. Cada um de nós se estuda e estuda os outros e obtém resultados, muitas vezes sem os analisar. Estudar o comportamento humano só nos traz benefícios, mas é preciso encaminhar esta informação da forma mais correcta... Não acredito que estamos a conseguir tirar o melhor proveito deste conhecimento e capacidade.
As regras e leis para viver em sociedade são condicionantes do nosso comportamento. Ao limitarmos as nossas acções criamos logo um conflito na nossa mente. Não consigo ter certeza de que isso seja bom ou mau para a humanidade, mas que nos torna diferentes, torna! O nosso maior mal é deixarmos de pensar por nós mesmos e pensarmos pela maioria. A maior parte da população não tem opinião própria e tudo o quanto sabe e pensa é pelo que viu ou lhe mostraram. Não que isso seja totalmente mau, mas não será muita preguiça da nossa parte deixarmo-nos empurrar pela corrente e sermos lançados ao mar mesmo sem sabermos nadar? Falta-nos a reflexão. A reflexão de nós mesmos e dos outros. Falta-nos procurar as causas e os efeitos dos nossos pensamentos e acções. Investigarmo-nos e procurarmos a compreensão de um eu integrado num conjunto de eu's diferentes, mas que partilham das mesmas dúvidas, das mesmas necessidades e dos mesmos desejos. Como somos capazes de nos deixar flutuar a vida toda sem termos a curiosidade ou coragem de mergulhar no fundo do nosso ser? Se aprendêssemos a ver-nos como seres únicos e nos assumíssemos tal qual como somos sem termos que nos encaixar em estereótipos que nós mesmos criámos para limitarmos as nossas diferenças, provavelmente encontraríamos a paz que tanto precisamos... Poderíamos viver em harmonia e encontrar o verdadeiro significado do respeito pelo outro. Esse tal respeito que desrespeitamos logo quando nos limitamos a nós mesmos. Somos influenciáveis, dependentes e fracos! Nós fazemos de nós mesmos o cárcere da nossa existência. Criamos a guerra dentro de nós e depois vamos guerrear pelo mundo fora à procura de razões que justifiquem esses nossos erros. Simplesmente porque não nos conhecemos, simplesmente porque temos medo de nos conhecer...

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Pensar demais!

Que sensação estranha a de pensar... Que noção de ser, que inexplicável feito!
Somos e existimos como todos os outros seres, mas pensamos!!! Pode parecer ridícula esta minha observação, mas o que é afinal isto de pensar? Acumulamos informação, transformamos em conhecimento, temos a capacidade de criar emoções... É estranho, não consigo perceber bem o que é isso, como surge e porque existe.
Sinto-me completamente dominada pelo pensamento e gostava de ter um momento de paz "em meus pensamentos". Deixar de pensar por um bocadinho, era o ideal! Mas não é possível e isso faz-me ver que afinal é o pensamento que me controla. No fundo vivemos controlados pelo nosso corpo, pelas suas necessidades, e sendo o pensamento um efeito dele, é normal que assim seja. Mas não sei porquê continuo a achar estranho...
Sempre me posso dedicar à meditação e procurar encontrar um domínio do corpo e alma, o equilíbrio. Encontrar a minha paz interior... Mas conseguirei encontrar mesmo esse domínio? Ele existirá mesmo? Tenho dúvidas, muitas dúvidas!!! (obra do pensamento) E enquanto isso a humanidade continua dominada pelo pensamento... E talvez seja por isso que não consiga tomar as decisões mais correctas. Talvez!...

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Eu mesma...

O tempo passa pelas nossas vidas e com o seu decorrer cada vez somos mais nós. Temos um pouco de tudo o que o mundo nos foi revelando, mas as nossas escolhas fizeram-nos seleccionar o que queremos ser!

Sinto, em cada dia que passa, uma descoberta de mim e um assumir de virtudes e defeitos. Tanto consigo sentir uma tristeza imensa como uma alegria reconfortante. No fundo tenho que gostar da pessoa que me tornei, mas conseguirei fazer o equilíbrio dos lados escuros que possuo com os mais coloridos? Através das coisas boas, que sei que sou, consigo ter forças para seguir e avançar sem medo. Acredito nos meus valores e estou certa de que os tento seguir em todas as minhas decisões. No entanto, existe uma parte de mim que carrega a dor dos meus erros e defeitos que não consigo mudar, apesar da consciência deles. Sinto uma frustração enorme por não me ter tornado na pessoa que um dia sonhei ser, por ter deixado para trás sonhos que me preenchiam na troca de caprichos irresponsáveis que não dominei. Jamais esquecerei essas perdas... Não sei se o meu problema é não me perdoar... Mas tenho medo que o mundo também não me perdoe.
Tenho uma vontade enorme de me isolar como se me pudesse proteger do meu orgulho. O orgulho que me deixa estas marcas e que tenho tanta dificuldade de controlar.

São dias assim que me trazem a agonia de não conseguir. O medo, a frustração! Mas são estes dias que mostram como sou fraca e como preciso de mudar. Ainda nada está definido... Tudo está por decidir!

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

A nossa essência!

Pergunto-me qual a verdadeira essência do ser humano. Somos seres dotados de inteligência, mas não deixamos de ser animais. Simples animais que contém na sua essência o puro instinto de sobrevivência. Mas de que forma este instinto pode influenciar a nossa existência?

Desde sempre que vivemos em sociedade. Temos a necessidade de viver em grupos para nos adaptarmos e darmos continuidade à nossa raça. Sendo assim devemos adoptar certos comportamentos de cooperação e respeito uns com os outros para mantermos uma convivência saudável. No entanto, existe em nós uma competitividade que pode sobrepor esses valores de sociedade. Temos, de um lado da balança, os bons e saudáveis sentimentos e, no outro, os sentimentos destrutivos que, senão são bem equilibrados, podem gerar conflitos.

Existem, em várias outras espécies de animais, rituais de competitividade como o da selecção de um parceiro que possua as características ideais para a sua descendência ou pela luta de alimento. Por estes motivos, certos animais podem ir até extremos muito violentos, desde abandonar um membro do grupo ou mesmo matá-lo. É natural e faz parte da natureza!

E nós? Nós seres humanos? Até que ponto se podem admitir certos comportamentos entre nós? Quem somos nós ao certo e porque vivemos em constante guerra de emoções uns com os outros?

Não compreendo como conseguimos ter tanta maldade nos nossos corações. Somos animais com inteligência, mas não nos serve de nada quanto a termos que equilibrar a nossa balança. Caímos muito facilmente na tentação de errar... Por isso me pergunto se somos de natureza boa e nos estamos a envenenar ou se somos de uma natureza má e egoísta e andamos a lutar pela harmonia.
Dificilmente encontrarei resposta... mas vale a pena tentar!

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Parar de mudar?!

Podemos ser bem velhinhos e ainda estamos em constante mudança... Nem sempre se nota ou sequer se consegue mas, penso que isso depende do nosso espírito. Se for um espírito livre e que saiba ver para além do seu mundo parcialmente construído, nunca deixa de saber mudar, senão dificilmente muda.
Posso-me referir à fase de desenvolvimento mais notória de mudanças, que é a nossa infância, para comparar esta ideia. Quando somos crianças o mundo é-nos desconhecido. Sentimo-nos inseguros de tudo o que somos e sabemos dele. No fundo temos o nosso espírito aberto a novas ideias e a novos valores que vamos ou não aceitar, segundo aquilo que entendemos deles, e estamos receptivos à mudança, pois crescer é tentar sempre ser um bocadinho melhor do que somos, independentemente do desenvolvimento físico. O que acontece quando se chega a uma fase adulta, é que na consciência de cada ser parece surgir uma personalidade crente de que atingiu a sua maturidade e por isso o que não mudou para melhor já não mudará, e permanecerá ao longo da sua vida como defeitos. Eu não sou muito crente nesse pensamento e não acredito que a partir de uma determinada altura da vida deixem de poder acontecer mudanças de personalidade de forma a extinguir os erros e defeitos de cada um. Para mim, tal só a acontece porque o ser humano se deixa acomodar com o que tem e persuade-se a ele próprio de que já não é capaz e já não há nada a fazer.

Por experiência pessoal, tenho noção de que tal mudança, é bastante difícil de acontecer, mas não é impossível. E além do mais, torna-se dificultada pela falta de empenho e determinação de nós mesmos. De nós mesmos...

E no final de tudo, porquê? Se afinal cada mudança é uma luta para sermos melhores, porque temos tanta dificuldade assim de mudar?