As coisas que eu sinto, as coisas que eu penso...
Olho para trás e vejo-me criança descobrindo o mundo, brincando pelas ruas, saltando, dançando. Vejo-me a viver os dias um a um, sem pensar ou sequer imaginar que havia sempre mais um amanha. A nódoa negra na perna, os arranhões nos braços, as lágrimas de birra, as bonecas que sofriam os meus descuidos inocentes, as paredes e os livros que eu riscava... Lembro-me como era fácil sorrir, como tudo me parecia simples de sentir. Queria ser grande como a minha mãe, queria ser adulta...
Fui crescendo! A escola, os amigos, eu... tudo foi mudando e assim eu fui crescendo. Defini valores, ideias, sentimentos, fui fazendo escolhas, sofri e fui feliz. Olho para trás e tento não pensar nas lágrimas, mas se hoje sou assim foi porque existiram, como não pensar nelas?
Hoje o futuro bate à porta todos os dias. O mundo passa a correr e esquecemo-nos de viver só para o seguir. Queria ainda sentir o cheiro dos dias, ter tempo para brincar, sonhar, andar pelo mundo de mãos dadas com a calma e a segurança, conviver e conhecer as pessoas. Tomara sermos todos crianças...
As coisas que eu sinto, as coisas que eu penso...
Sofro pela solidão que descobri em mim... O mundo não gira à nossa volta, como em criança se pensava, nós é que giramos à volta do mundo. Sou infeliz por descobrir a vida como ela é. Sinto necessidade de crescer, mas medo de não mais sentir a simplicidade de ser criança. Gosto de amar, mas temo a infelicidade e a dor. Quero ser mas receio cada erro que cometo. Sou crente nos meus valores, mas não sou perfeita e não consigo cumprir a minha vontade de ser...
Como é difícil esta forma de vida que inventaram para o mundo.
Primeiro nascemos e somos dependentes de tudo e de todos e depois ensinam-nos a abandonarmos essas necessidades e a enfrentarmos o mundo como se estivéssemos sozinhos. Há uma contrariedade no conceito de sociedade que é vivido entre nós. Por um lado vivemos em grupos que se sustentam uns aos outros, económica e culturalmente, mas por outro somos indivíduos solitários que sentem e vivem cada um a sua vida de uma forma cada vez mais isolada. E nós criamos esse isolamento... O que somos nós ao certo? Para onde caminhamos? Eu não quero caminhar sozinha... Porque não posso optar?
...ai as coisas que eu sinto, as coisas que eu penso!
Um devaneio crescente das ideias que nos percorrem a mente... Um espaço para as soltar sem querer saber porquê ou como se faz. Simplesmente fazendo!
domingo, junho 11, 2006
As coisas que eu sinto, as coisas que eu penso...
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