domingo, maio 31, 2009

Uma normalidade questionável

Embrulho-me nas entrelinhas do olhar do céu. Questiono e ponho em causa cada mensagem que recebo e que envio. Loucas sensações que se tentam afastar das emoções. Lutas constantes, conquistas e derrotas, nas quais a razão tenta imperar. Afirma-se como a única luz, o único sentido da vida e com sua luz ofusca todas as possibilidades de se sentir fracassada.


O medo viaja em mim, percorre as minhas veias chegando a cada pedaço de mim. Penetra cada cantinho do meu ser e mistura-se com o meu corpo e a minha alma. Já me pertence, já faz parte de quem sou!


Os meus olhos maquilham-se de coragem, mas esta dissolve-se nas minhas lágrimas desvendando assim as minhas fraquezas. Confunde-me, agita-me e transtorna-me. Faz de mim um céu que sabe brilhar mas que também sabe chorar, que é azul, cor-de-rosa e negro, que arde e que gela, um céu normal.

Tento-me distanciar dessa normalidade, mas faz parte de mim e enfraquece-me, tento-me libertar mas não tenho forças.
Sou meramente humana e não posso lutar contra isso.

quarta-feira, maio 20, 2009

Eu...

Eu...

Um inspirar de emoções e questões de mundos que existem e não existem, de ideias que fervem em mim e que me gelam, de quereres e não quereres que não domino. Eu... Ser ávido de segurança e paz, calma e certeza, que prefere revelar-se como o lado oposto destes desejos. Ser que se esconde nas nuvens e não as deixa chorar. Ser que por vezes tenta não ser.

Eu!
Procuro com um olhar embaciado uma sombra para me abrigar, um leito seguro que me aqueça nesta viagem de tempestades constantes e intermináveis. Parte de mim entrega-se ao sol que por vezes vai espreitando, outra afunda-se num esconderijo sem luz e sem destino.
Saio de casa como se abraçasse a vida e me conjugasse com ela. Saio corajosa e lutadora. De cabeça levantada, como que a olhar para o céu, atravesso as ruas e enfrento os meus medos. Projecto a minha voz e ergo-me nela como uma ave querendo voar sempre mais alto. Por momentos sou poderosa e sei disso. Por momentos todos o sabem...
Mas logo volto a casa, me desmascaro e me derreto como uma pedra de gelo em frente ao calor intenso de uma lareira acesa... Vou enfraquecendo e tudo se mostra tal qual é. Descubro-me incapaz de me admitir, incapaz de me revelar.

Dentro de casa, dentro de mim sei que encontro a minha verdade...
Mas será que a quero encontrar?
Será que quero assim tanto descobrir?


Terei medo?

Mudar o mundo

Hoje li um pedaço de história que me alumiou os pensamentos numa direcção já antes reflectida. Falava de um jovem que queria mudar o mundo. Um dia, este jovem, apercebeu-se que já não era jovem e, que provavelmente não conseguiria mudar o mundo, acordou para si tentar apenas mudar o seu país. No entanto, já durante a sua velhice, vendo que nada tinha transformado no seu país pensou tentar mudar a sua família. O tempo passou e no leito da sua morte apercebeu-se que nada tinha consumado. Deu consigo a pensar que poderia apenas tentar mudar-se a ele mesmo e que talvez a sua família lhe tivesse seguido o exemplo e por sua vez o seu país e o mundo. Esta história acordou em mim aquela sensação de que somos impotentes perante as deformidades do mundo ao nosso redor se não somos capazes de combater as nossas. Somos críticos e conselheiros mas não somos exemplos. Sabemos apontar mas não nos sabemos mostrar.

O nosso maior poder para mudar o mundo está em nos conseguirmos mudar a nós mesmos. É a partir desta mudança que se podem desencadear todas as noutras mudanças por nós ansiadas. Por vezes esquecemo-nos disso e damos connosco a pensar no que podíamos ter feito e não fizemos. O tempo passa por nós e não espera. Ao longo da vida as oportunidades vão se perdendo e existem coisas que poderão nunca ser realizadas. Não podemos ficar a olhar para a janela e desejando que ela se abra sozinha. Temos que nos mexer e fazer com que as coisas aconteçam antes que o amanha seja o ontem.

sábado, maio 16, 2009

Viver na sombra...

Normas e valores, regras e leis, são tudo criações do Homem que limitam a existência Humana. Vivemos em sociedade e rodeamo-nos de manuais de instruções de como devemos agir. Claro que é preciso ordem, sem ela o instinto animal sobrepor-se-ia e certamente cairíamos num caos de destruição e rebeldia. No entanto somos demasiado controladores de nós e dos outros. Creio que desta forma ocultamos muitas vezes a nossa essência. Tornamo-nos submissos à sociedade que criámos e deixamos de viver parte dos nossos desejos.
Esta forma de viver por nós escolhida é a nascente dos frustrados e dos cínicos que povoam o nosso planeta. Poucos são os que vivem verdadeiramente para eles mesmos e para os outros. Somos uma sombra do que poderíamos ser, escondemo-nos atrás destas leis e vivemos vidas quase que saídas de produções em série. Vidas delineadas pelas mãos dos poderosos que institucionalizam a vida humana.
Somos dotados de razão mas usamo-la para ocultar a emoção. Reduzimo-nos a um mecanismo previamente estudado e limitado. Somos deveras uns pobres que acreditam que ainda vivem! Desalojados de vontade própria e induzidos ás vontades catalogadas como correctas.

Somos um mito, uma ilusão.

quarta-feira, maio 13, 2009

Aqui estou de novo!

Aqui estou eu de novo a espreitar janelas e portas, horizontes e destinos. De novo marcada pela cruz da vida que é a procura incansável de nós mesmos. Céus enublados, azuis ou cor-de-rosa, céus que choram, que gritam ou que simplesmente se silenciam com sua beleza... Puras incertezas da natureza como as nossas inquietudes.
De novo ás voltas com a minha cabeça procurando o meu rumo...
Já tive certezas, mas desfiz-me delas. Talvez não fossem tão certas assim...
Será o nosso destino, o nosso fatídico destino procurar, procurar sem nunca encontrar? Semeamos perguntas tentando colher as respostas e o que encontramos são sempre mais perguntas! Perguntas iguais, perguntas diferentes mas sempre mais!
Eu estou aqui de novo, como se voltasse à estaca zero, como se nada do que vivi nos últimos anos tivesse existido. Estou aqui de novo com novos desejos, novos sonhos, ansiando ser outra pessoa. Outrora quis ser e agora já não quero. Quem me garante que algum dia vou ser o que algum dia desejarei? Ou serão os desejos meras ilusões que nos confundem?
Tento fechar os olhos ás perguntas que se cruzam comigo, tento me libertar... Tento ser sem me questionar, mas parece que tudo deixa de ter sentido. Deixo de sentir o frio e o calor, o doce e o amargo.
Ai, aqui estou eu de novo! De novo confusa, de novo perdida sem encontrar um ponto de referência com o qual me possa orientar... Certa de que amanha será outro dia, e depois uma outra noite e um outro dia. Certa das horas e dos segundos!
Andamos sempre à deriva, mesmo que por vezes pareçamos estagnar num solo firme.

Novos dias, novas noites e novos eus que me abalroam a cada momento em que me distraio e me perco de um possível (certo) rumo.