domingo, março 26, 2006

Embriaguez...

A embriaguez... O estado alterado da nossa consciência. O mergulho profundo nas emoções e uma forma descoordenada de sentir.

É um ritual da noite boémia. Jovens e adultos envolvem-se nesta actividade como um convite à diversão. Pela noite fora vai aumentando o nível de álcool no sangue e toda a desinibição que este provoca aumenta assim a sensação de bem-estar e auto-confiança. Torna-se mais fácil envolver-se socialmente e a alegria instala-se como um presente desse estado.

-Um engano de consciência ainda consciente, de que a perca de consciência nos pode fazer mais felizes. -

Não consigo negar que a euforia que nos provoca a embriaguez é bastante aliciante. Naqueles pequenos momentos podemos inventar a nossa realidade, e naturalmente que escondemos temporariamente da nossa memória possíveis realidades problemáticas que poderiam afectar a nossa felicidade artificial. Pode-se ver como um refúgio temporal do quotidiano e pode-se ver como cobardia, a tentativa de ignorar essa realidade.
Falo da embriaguez desportiva, isto é, aquela embriaguez que se procura para uma saída à noite com os amigos ou para uma ida à discoteca, por exemplo. É muito pequena a percentagem de pessoas que saiam à noite sem consumirem bebidas alcoólicas. Será que se não existisse essa opção de diversão sairiam menos pessoas nas noites habituais de boémia?

A mim, parece-me que o encontro nocturno se resume a conhecer pessoas com a intenção de conquista e a beber "uns copos" com os amigos. O facto de, maioritariamente, andarem todos no "engate", o álcool acaba por ser uma boa opção, visto que este ajuda a desinibir. Entristece-me saber que é um facto quase certo de que esta é a definição para muitos de uma boa noite de boémia. Poucos se interessam em partilhar ideias, discutir assuntos do mundo, da vida, em procurar chegar a casa com um pouco mais de conhecimento... As conversas são curtas e de pouco interesse e apesar disso as pessoas conhecem-se, criam opiniões uns dos outros e muitos ainda conseguem ter relações mais íntimas.
É um mundo estranho... Pouco se aproveita. E a embriaguez torna-se um mal quando existe como uma necessidade de socialização. Se assim não fosse, não seria tão grave...!

quinta-feira, março 23, 2006

Vontades...

Vontade de imergir em sonhos que fazem de mim louca, livre, espontaneamente eu mesma num curso sem destino certo. Vontade de voar pelas ideias vagas de meu pensamento, vontade de me soltar, vontade de existir, vontade de ser. Eu, meu corpo e minha essência. Meus desejos e minhas dúvidas. Um ser naturalmente criado pela sociedade e pela reflexão de existir. Um ser que se opõe e que disputa a razão com as emoções. Eu sobre os braços de uma árvore despida que espera a Primavera...
Fecho os olhos e tento existir apenas com os olhos do meu coração. Deixava de comer, de respirar só para sentir essa liberdade de ser. Deixava para trás a vida que supostamente tenho que viver para viver a vida proibida. A vida em que não existe rubricas de perfeccionistas, em que se semeia o amor como alimento de cada dia e em que os erros não sublinham cada passo mal dado. É um sonho sonhar que poderia navegar por esses caminhos... É um sonho sentir estes impulsos guerreiros de meus desejos...

Por entre as imagens que meus olhos me mostram tento desenhar todas aquelas que lhe são desconhecidas. Os caminhos que vejo à minha frente são traçados pela minha coragem e pela iniciativa de os conquistar. Pouco posso observar aqui sentada neste caminho que é o meu. Escuto baixinho a ordem para acordar. A ordem, a imposição de seguir os caminhos que me esperam... Mas uma estranha rebeldia esboça em mim uma vontade de fingir que não escuto. Apetece-me não ouvir... Só desta vez, só neste momento. Apetece-me continuar a sonhar... Sonhar até onde o sonho me conseguir levar...

quinta-feira, março 16, 2006

Livre!

De cada vez que escrevo, deixo soltar, em cada palavrinha, um pouco dos sentimentos que fervem em mim por algum motivo. Posso simplesmente falar da vida, do que observo, do que concordo ou discordo, de mim, dos outros, mas em cada palavra que deixo pousar sobre os meus textos, deixo também pingar emoções que a temperam de sentido, mais até do que o seu próprio significado.
Por vezes escrevo e escrevo, como se eu estivesse sobrelotada de sentimentos e pensamentos que preciso de soltar e organizar. Agora, noutras alturas as palavras não me saem. Ficam fechadas em mim como se não quisessem sair. Nesses momentos chego a sentir um vazio de ideias ou de emoções, como se não tivesse nada a dizer.
Cada vez que escrevo é como se a minha mente desenhasse as palavras. Como tinta, ela usa todos os pensamentos que a percorrem, e quando termino, sinto que a tinta se gastou. Sinto-me mais leve e orientada! Nesse instante não me importo nada de não conseguir escrever. Sinto-me bem comigo por não haver mais nada a dizer, porque isso representa que já disse tudo quanto que precisava. É como uma viagem pelos céus. No inicio existe mais força do que a que é precisa para bater as asas e no final da viagem, depois de contemplar todas as maravilhas dos céus, depois de alimentar o corpo e a alma, o cansaço já não incomoda. Apesar de já não se conseguir bater as asas o momento já não é invadido pela frustração mas sim pela satisfação e realização.
É assim que me sinto! Livre enquanto escrevo e realizada quando escrevo.

Não sei...

Este céu não é o meu
Esta luz não é a minha
Faço do vento a minha tempestade
Refresco os meus pensamentos na chuva intensa que me arrasta

Divino sol que me conquista
E mero acaso da tristeza
Forte turbilhão de ideias
Que desce devagar por entre a noite

Caio sem brilho ou sonhos ou desejos
Afundo-me nos pântanos da minha vontade
Embalo o sono com o bater da chuva
E fecho o olhar da mente num instante

Esta noite que não é minha
Acorda em mim como um segredo
Desfaz-me e mistura-me com o suspiro dos céus
Que se escuta no meio da tempestade.

São loucas, são fortes, são vivas
Estas lágrimas do céu que me encharcam
Essas lágrimas que apagam as cores
Que navegam por caminhos esquecidos

É uma voz dos céus que me perfura as emoções
Com sons da chuva e sons de vento
Fúria dos céus ou pura magia
Que em mim se inventa, em mim se cria...

sábado, março 04, 2006

Tendência para errar o caminho!

Existe uma tendência enorme
para nos inclinarmos para a dor. Comemos o que nos faz pior e tiramos desses
alimentos bastante prazer, temos vícios que nos fazem mal e também obtemos
prazer deles, temos rotinas muito pouco saudáveis e conseguimos sentir prazer
nisso... A tendência para escolher os piores caminhos é tão grande que até
começo a ter dúvidas se esses caminhos não são só teorias.
Ás vezes, sinto
do meu coração os melhores dos melhores sentimentos, mas como por magia são
afectados pela escuridão dos meus caminhos. Facilmente encontro a luz e as cores
que me fascinam, mas logo me vejo afundada em lágrimas que abafam a essência
desse cenário imaginário. Tão bem que consigo ver o meu caminho como de repente
se ofuscam em mim as incertezas e tropeço nos meus passos acabando por cair. É a
tal tendência dos mortais de se encurralarem com as suas escolhas. De procurarem
o caminho e darem consigo perdidos na sua busca.
Hoje enublou-se no meu
olhar a dúvida! Tão bem que sinto o meu coração palpitar, soluçando versos de
alegria, como o deixo de ouvir. Tanta força e tanta fraqueza. Tanto amor e tanta
dor. Tantos caminhos sem saída. Tantas saídas sem caminhos.
Loucos são os
que caminham no abismo da escuridão assombrada pelo medo sem procurarem uma mão.
Eu não sou louca, não sou! Mas tentei ser!

quinta-feira, março 02, 2006

Porquê?

Hoje, sorrateiramente, as nuvens sobrepuseram o sol que sorria nos céus despercebidamente. O vento começou bem fraquinho ao início do dia e a pouco e pouco arrefeceu o ar e conquistou o seu lugar. A princípio, esta mudança, despertou em mim uma frustração pela ausência do azul nos céus e pelo frio intenso que me causou. Depois, sem me aperceber, dei por mim a admirar o céu negro e sombrio que parecia cair sobre mim.
Como o desprazer que me deu sentir a transformação do dia, também consegui sentir o prazer num sentido completamente oposto. Primeiro pensei em mim e no que me desfavorecia esta sombra nos céus e só depois, sem pensar, consegui olhar mais além e ver que não era de todo mau.
No fundo é assim que todos nós recebemos a realidade que nos rodeia. Muitas são as vezes que pensamos e criamos opiniões a partir do que nos faz mais ou menos felizes, sem tentarmos ver sem esse tal sentimento como base do nosso pensamento.
Tenho frio e isso incomoda-me! Mas porque partirei do principio que o dia frio é menos bonito que o dia de sol?
...Porquê?