segunda-feira, maio 30, 2005

Consigo ver...

As mais belas razões para viver!

Consigo ver um campo verde onde se deitam flores cheias de cor e de aromas que deliciam as borboletas. Ao fundo perde-se o olhar no encanto do mar que se mistura com o céu azul povoado pela liberdade das aves que procuram as suas presas e os seus parceiros. O som das ondas liga-se ao canto dos animais que povoam este paraíso e embala as minhas tristezas num sono eterno. Não posso trazer chuva ou escuridão para este cenário delicioso... As árvores balançam seus braços recheados de vida com o vento que dança pelo horizonte. Tudo se completa num verdadeiro encontro aquecido pelo sol que ilumina esta visão.
Onde estou eu? Sentada no chão inclinado deste paraíso, que descai para a vida que contém, regozijando-me com a admirável sorte de cá estar.
Se chover tenho as árvores para me proteger... Se ficar frio os animais para me aquecer... Á noite tenho a lua e as estrelas para me embalarem... Em tudo o que me parecer assustador ou menos bom encontrarei solução ou algo bom para o justificar. Não posso temer nada quando tenho perante mim as mais belas razões para viver. Tenho que as valorizar... não as posso deixar esquecidas na minha memória!

domingo, maio 29, 2005

A sociedade não existe... quando tu existes!!!

Em sociedade te escondes e mostras como não és.
Ao cresceres aprendes a criar uma identidade que te define para essa sociedade em que te incluis, ou melhor onde se inclui essa identidade. Tu, o teu ser mais profundo, guardas para ti, para partilhares apenas na tua companhia, no refúgio secreto da tua existência. Se pouco pensas nisso pelo menos nos teus sonhos se reflete a verdadeira essência de ti mesmo. Tu não és para o mundo aquilo que és para ti mesmo! E porquê? Porque vives em sociedade. Essa que te criou, como se costuma dizer... Para mim ela não te cria mas cria em ti um outro alguém. Tu és e existes mas não existes para o mundo. Entregas-te a ele e vives em sociedade. A partir desse momento deixas de ser a totalidade de ti mesmo e passas a ser um pouco de tudo o que te rodeia e muito pouco de ti mesmo.
Entristece-me essa ilusão constante em que vivemos mas se não fosse assim como seria? Sempre foi assim! Como me posso imaginar sem esta ilusão? Como te imaginas tu? Vivemos em sociedade e nela mesma deixamos de viver. Contradição ou não é uma condição humana, não podemos fugir dela. Ou podemos?
Confesso que já fugi! Já fui eu mesma, já me desmascarei, ou melhor, desmascararam-me. E senti-me tão bem...

segunda-feira, maio 23, 2005

Recordar essas palavras que não disse!!!

Debaixo da minha cama, dentro de uma caixa amarela enfeitada de sóis que contém uma outra mais pequena, estão as palavras que um dia soltei e que descrevem esses tempos que agora são relembrados por elas.
Cartas e pedaços de textos ou poemas que nunca revelei. Que guardei com a intensão de as reler um dia quando me quisesse lembrar do passado.
Tanto que quis dizer e que não disse. Tantas palavras guardadas em tanto silêncio... Revoltas e conquistas, amores e desamores, tristezas e alegrias, posso encontrar um pouco de tudo isso naqueles pedaços de vida que escrevi no papel.
Palavras que têm voz, têm um tom, melodias e que eu reconheço como se não visse apenas as palavras mas uma pauta que tivesse tudo isso incluido.
No fundo tenho ali parte da minha história, as minhas fraquesas, os meus medos, a minha força...
Um papel da escola que guardei pela conversa com a amiga ou pelo texto que me deu para escrever na aula de matemática, as folhas e folhas que contém as minhas lágrimas de adolescente que crescia e tinha um enorme medo de crescer, a minha admiração e contemplação à natureza e à lua, as minhas criticas à sociedade, as minhas filosofias,... Tantas palavras que me pertencem, mas que deixo esquecidas não só na minha memória, mas também debaixo da minha cama, à espera de que um dia eu me lembre de as reler para poderem ser novamente sentidas como no dia em que foram escritas...
Quem não guarda palavras no seu baú de memórias, palavras que nunca foram ditas mas apenas sentidas? Que preferiu o silêncio do mundo e arrumou as barulhentas palavras no seu coração para nunca serem ouvidas?
Mas um dia mais tarde elas emergirão de novo e serão relembradas, assim como eu releio as minhas palavras. Um dia mais tarde... quando a força dessas palavras for mais fraca e a coragem de as assumir for conquistada... Se calhar um pouco tarde para as usar e já apenas a tempo de as recordar!

quinta-feira, maio 19, 2005

Rumo ao rumo do desconsolo!

Á deriva pelo mar de encantos e desencantos que a vida me revela, vou encontrando, sem querer, portas que se abrem e se fecham num percurso instintivo que percorro.
Tanto me vejo frente ao incrivel cenário que desejo ver como logo avanço por entre as negras desilusões dos meus passos. Escolho o que por instantes se mostra mais certo e enquadrado com o meu instinto, mas ele não se mantém como deveria e alterando-se o instinto, altera-se o meu rumo.

Descanso no berço encantado da natureza que se enfeita com os mais variados verdes de todo o mundo, com as cores vivas das flores de aromas doces e suaves e das aves que cantam as melodias mais originais e sedutoras e com o azul enfeitiçante do céu iluminado pelo intenso sol que me aquece a alma. Consigo encontrar a paz e a harmonia das minhas emoções. Adormeço numa calma extasiada pela conquista de mim mesma... dos meus instintos. Mas logo acordo e abro os olhos na maior escuridão da minha existência. Era só um sonho e nada mais! Vejo a chuva brotar do céu cinzento sobre o meu corpo desnudado, gelado e desprotegido, desamparado sobre as rochas em que me encostei tal era o cansaço e a fraquesa para avançar. Um silêncio, uma tristeza e frieza de vida instala-se em mim. Mudança inexplicavel pela minha essência ou pela minha ambição. Mudança talvez do rumo que imaginei para mim...

No fundo quero tanto esse rumo que idealizei que acabo por me desencontrar dos que me encontram... Recuso-me a vivê-los e vivo no eterno desconsolo de não os ter vivido!

quinta-feira, maio 12, 2005

Os caminhos que não queremos seguir

Passeio sobre os murmúrios das minhas dúvidas e encontro-me com a vida que me esperava silenciosamente.
É precisamente quando tomamos consciência dos nossos medos e fracassos que descobrimos a realidade de que nos escondemos.
Não somos diferentes de ninguém e todos nós levitamos constantemente nessas mesmas dúvidas. Se assumirmos a nossa identidade tal qual ela se apresenta para nós, mais facilmente nos enquadramos no resto do mundo e podemos avançar!
Não podemos rejeitar esses caminhos e passear apenas pelos que se enfeitam de coisa belas. Que têm o doce cheiro das flores e que são envolvidos pelas constantes cores do verde e do azul do céu e da natureza…
Os caminhos do mistério e do oculto também estão lá…
E também têm que ser explorados!!!!

quarta-feira, maio 11, 2005

... Talvez... Perceber!!!!

Estou sentada no olhar de um sonho que me invade o espírito e em que quero acreditar. Liberto de mim o mais profundo eu que sempre me recusei a entregar. Agora sim consigo cada vez mais sentir-me realizada. Assumo-me tal e qual eu sou e aprendo a gostar desse eu ensinando os outros a gostarem também.
Porém, ainda caio no abismo da negação e me retraio ofuscando a minha essência. Nem tudo pode ser perfeito, e mesmo chegando às verdadeiras respostas me consigo distrair com as consequentes dúvidas que assaltam a mente humana.
Infinita insastifação que nos consome e nos traduz em incertezas. Somos uma constante procura que não quer ser encontrada, um dever que não quer ser cumprido...
Somos apenas quando deixamos de ser...
Procuro o sol quando a noite me cansa o olhar e me esconde das cores. Sinto a noite quando o sol me aquece demais e queima em mim a estabilidade que quero e rejeito por medo de a possuir...
Humano ser-se assim?
Quem sabe ou entende o desentendimento da minha mente?
Que quero eu dizer ao profanar estas certezas que se alimentam de tudo isto que me consome?
...

segunda-feira, maio 09, 2005

Pontos de vista!

Se eu olhar para mim com os meus olhos enchergarei apenas aquela que acredito ou quero ser. Observarei uma pessoa segundo a minha realidade de existir, a minha experiência, a minha sabedoria. Julgarei-me apenas segundo os meus princípios. Mas eu não sou a pessoa perfeita e o meu mundo não possui a visão mais acertada das coisas. É simplesmente a minha interpretação, o meu ângulo de visão, não posso deixar influênciar os meus julgamentos apenas tendo em conta o meu ponto de vista. Tal não acontece só na minha introspecção mas sim na forma como posso ver os outros ou mesmo o mundo em geral. Tenho que procurar sempre outras explicações e pensar em todas as possiveis causas e consequências. Ver a minha cidade, sobrevoando-a não é a mesma coisa que a ver no cimo do Monte de St. Luzia, ou do outro lado da cidade. São vários ângulos e todos veem a mesma coisa mas de formas muito diferentes. Não posso apenas conhece-la pela que se torna mais fácil de ver, mas sim com uma visão mais alargada.
Na vida, principalmente na vida social, também devemos ter em conta que existem sempre várias formas de analisarmos as pessoas. Apesar de sermos todos iguais, pois somos todos seres humanos, temos presentes na nossa alma a maior das diferenças que nos identifica e difere uns dos outros: a experiência. E essa, jamais será igual para dois seres. Podem existir circunstâncias e experiências idênticas, mas que nunca são recebidas por duas pessoas da mesma forma. Se assim é como podemos nós sentir que podemos julgar? Quem é bom ou mau, faz o bem ou faz o mal? O que é moral ou não? Quem somos nós para o dizer?
Nós estes seres que se misturam entre dúvidas, certezas incertas e mesmo assim se acham no direito de saber o que é melhor para os outros, quando no fundo não sabem o que é melhor para si mesmos.
Somos sem dúvida o espelho daquela expressão "Falam, falam, falam e não fazem nada!".
Racionalizamos demais as coisas, para no fundo sermos irracionais nos momentos em que não o deveriamos ser...

sábado, maio 07, 2005

Balançando...

Assustada comigo, talvez com o mundo...
Passos que dou e me recuso a dar instantaneamente.
Sou e não sou como se sempre fosse.
Contrariedades em que entrego certezas que se invalidam nas suas mãos.
Minhas lágrimas mergulham nos meus sorrisos...
Meus sorrisos afogam minhas lágrimas...
E eu não sou mais que um balançar constante entre um mundo que vivo e outro que penso não viver. Encontro-me nos dois lados mas nunca me vejo nos dois simultaneamente. Uma procura incessante do cruzamento entre esses dois lados para lá descansar. Repousar o espirito. Sentir-me em casa, protegida pela calma de não balançar tanto.
Todos nós procuramos algo. Dia para dia os nossos objectivos podem ser alterados, no entanto continuamos essa busca mesmo que mudemos de direcção. E enquanto procuramos, somos atingidos pela influência desses dois mundos que contemos. Aí vem o tal balançar. O andar de um lado para o outro à procura de respostas. Balançando...

quinta-feira, maio 05, 2005

Estas que desenho, não as que falo...

É a escrever que me liberto, me confesso, me afirmo!
Pudera eu conseguir dizer tudo o que sinto como escrevo...
Tantas palavras que ficam caladas no canto da minha alma. Tantas!
Desde sentimentos a dúvidas, mensagens ou gritos. Deixo-os encostados e esquecidos no fundo da minha existência como se não fossem reais. Mas são! E mais tarde ou mais cedo vou sentir o peso de tanto silêncio...
Se não fossem as palavras que desenho e onde uno os meus dois mundos, não encontraria o meu equilibrio.
Mesmo assim, ás vezes, ainda ando meio embriagada no meio de tanta arte ou engenho de fugir ao real. Fico tonta e chego a cambalear. Alguém me segura. Me dá a mão e me ajuda a seguir!
É a minha sorte!
Mas logo logo volto-me de novo para o colo das palavras e entrego-me a elas. Que seria de mim sem as palavras... Estas que desenho, não as que falo...

quarta-feira, maio 04, 2005

Omissão de nós mesmos!

Há quem se esconda por detrás do que mostra... Que se omite e se refugia nele mesmo sem se aperceber. Acorda e tenta mudar. Corre mal, volta-se a esconder.
Um mundo de injústiças e mal entendidos que não querem ser esclarecidos. Uma dor intensa que se instala no coração da humanidade e que a comprime num conjunto de padrões previamente estabelecidos.
Nascemos e somos puros. Mente limpa e pronta a voar rumo ao seu próprio rumo. Esse que se vai perdendo ao longo do seu caminho. Ao olhar curioso de uma criança, que se lança nas garras da vida como se fosse seu berço, juntam-se as lágrimas de desilusão e frustação que lhe vão surgindo sem esperar por elas.
Viver acaba por ser o perigo para a mente pura que uma criança oferece ao mundo. É como juntar a este tesouro os males que não se pensavam existir. O mal que se mascara de bem e nos enfeitiça.
Por isso somos o que não somos. Uma mentira que fazemos das nossas verdades. Uma farça!

segunda-feira, maio 02, 2005

Cegos de amor e de tristeza!

Tento alimentar a minha vida com sorrisos.
Evito as lágrimas, as tristezas, deixando-as na sombra da minha existência.
Mas ás vezes não há sombra...
Nessas alturas ou cruzo os braços e espero que a sombra volte ou procuro os sorrisos mais fortes e verdadeiros que abafem essa tristeza.
Assim como o amor pode deixar as pessoas cegas, também a tristeza pode. E o mal da humanidade está em deixar-se cegar pela tristeza e não pelo amor...
Ficar cego de amor inferioriza o mal e valoriza o lado bom das coisas, enquanto que ficar cego de tristeza faz o contrário.
O mundo está cheio de maravilhas, para quê vermos o que nos faz sofrer quando podemos descansar no colo da vida embalados pela magia do universo e não pelo que plantámos nele?
Tudo podia ser mais fácil...