sexta-feira, outubro 28, 2005

Talvez precisasse mesmo de existir...

Hoje observei, durante horas, paisagens, pessoas e atitudes. Foi um momento longo de introspecção... Vi como tudo à minha volta se movimenta sem que eu tenha que existir... A vida avança e não espera por nós. A natureza transforma-se, mexe, nasce, cresce e morre e eu nem preciso existir. As pessoas fazem a sua vida normal, dormem, comem, trabalham, amam, odeiam e eu não preciso de existir. O mundo age, discute, guerreia, festeja e eu nem preciso de existir...
Sou apenas um ser que vive porque tudo o resto existe, mas tudo o resto parece não existir porque eu existo. Sou como um pequena gota que cai do céu com as outras gotas quando chove. Sozinha não teria grande significado, sem ela a chuva cairia da mesma forma e nem se daria conta da sua falta, mas no entanto é uma das gotas daquela chuva cada uma tem o seu pequeno significado que num conjunto se revela ao mundo e ganha importância! Sim, deve ser isto que consegui entender do que observei, hoje à minha volta. No mundo podemos parecer seres insignificantes e sentir que a nossa presença não tem grande significado à luz de tudo o que nos rodeia, mas nada aconteceria se cada um de nós não existisse. O mundo seria diferente se cada um de nós lhe faltasse, não melhor ou pior, mas simplesmente diferente. Não há dúvida de que somos importantes! E mesmo que me pareça que o mundo consegue existir sem mim não posso acreditar. Eu sou um dos alicerces da sua existência. Cada ser, cada vida ou não vida neste mundo faz dele o que ele é. Por isso eu sou importante...

O mundo movimenta-se à minha volta enquanto fico sentada num banco de jardim olhando para ele… O mundo anda e eu estou ali parada a olhar… Parada…

quinta-feira, outubro 27, 2005

O que fui deixando para trás, só para seguir em frente!

Um dia, quando tudo me parecia seguro, quando as ruas da minha terra já me eram familiares e já escondiam histórias minhas, quando as pessoas que me rodeavam já pertenciam à minha rotina, tudo mudou. Assim de repente mudei de ambiente, de pessoas, de casa, de escola... e tudo o que tinha construído até então foi deixado para trás como recordação e comecei do nada! Assim sem conhecer a calçada da minha porta, sem conhecer o cheiro daquele ar, sem conhecer ninguém! Até o sabor da água era diferente, tudo ali era diferente. Eu era diferente!
Foi duro construir raízes, conquistar terreno naquela zona já conquistada por outras pessoas tão diferentes de mim. Eu era criança e queria era brincar... mas os amigos não eram os meus, e os baloiços também não eram! As ruas eram desconhecidas e tudo me parecia um labirinto. Estava desorientada!

Eram as férias de verão e todo o tempo livre que tinha era para descobrir aquele novo mundo que me havia surgido. Em cerca de dois anos consegui criar, novamente, laços e descobrir novos amigos, mas tinha ficado a saudade das pessoas que nunca mais vi, das ruas que onde nunca mais brinquei...

Certo dia, quando já tinha vida e histórias naquele lugar, quando já tinha esperanças de um dia ser também daquele lugar, tudo voltou a mudar. As ruas, as pessoas, a escola e os amigos! Voltei a sentir aquele vazio e aquela impressão de não pertencer a lado nenhum e de não conhecer ninguém. Estava novamente na estaca zero e tive que reiniciar a nova conquista. Agora com o peso de mais uma perda e com o peso da idade. Sim, porque cada vez mais era mais velha e cada vez era mais difícil de me sentir em casa onde quer que fosse.

Os anos passaram e conheci muitas pessoas, muitas ruas e aprendi a sentir-me da terra. Hoje entendo que todas as mudanças foram para melhor, mas ainda sinto a saudade dos cheiros, das ruas, dos baloiços, das pessoas e dos amigos que deixei para trás...

E um dia, um outro dia como um dos que já vivi, quando me sentir em casa, tudo vai mudar! Tudo! E será sempre assim até morrer!

O tempo passará por nós e nós vamos passar uns pelos outros deixando sempre coisas para trás. Só assim conseguimos seguir em frente!

terça-feira, outubro 25, 2005

As pessoas mudam!

As pessoas mudam... A vida passa por nós e faz-nos mudar. Tantas coisas que pensávamos nunca mudar e que com o tempo mudaram sem sequer nos apercebermos de tal.
É tão estranho quando reparamos na mudança. Se não pararmos e pensarmos nela, às vezes nem sequer a vemos. A pouco e pouco tudo se muda e como tudo parece igual nem se nota. Mas não está! Nunca está sempre tudo igual. Estamos sempre a crescer, para o lado certo ou não, mas estamos sempre a crescer. Existe sempre algo de diferente em nós em cada segundo de vida que gastamos. Em nós e ao nosso redor... A natureza é a prova concreta de que tudo está em constante crescimento e alteração, transformação. Cada pormenor que se altera pode parecer insignificante, mas um conjunto enorme de pormenores ao longo de um determinado tempo pode virar completamente o leme que nos guiava num certo percurso. E assim as coisas mudam... e nós nem damos conta!


Quando era criança tinha acesso a uma janela do mundo, e tudo o que conhecia a partir dessa janela que tinha aberta para mim, me induzia a ser de uma maneira, a ter determinados sonhos. Com o tempo fui conhecendo outras janelas e mesmo outras portas. Isso fez-me alterar certas ideias e mudar muitas vezes a minha atenção para coisas completamente diferentes. Eu mudei! Assim como a paisagem que fui vendo ao longo da vida, também foi mudando. O mundo nunca pára e nós também nunca estagnamos. Por isso as pessoas vão mudando... e como tudo pode mudar...

segunda-feira, outubro 24, 2005

A porta está encostada...é só abrir!

Fiquei à porta na expectativa de encontrar razões para entrar. A porta estava encostada e não conseguia ver muito além dela. Estava nas minhas mãos desencostá-la... Tinha esperança de que uma brisa mais forte pudesse abrir aquela porta, mas o tempo passava e essa brisa não surgia. A certa altura tive coragem e empurrei a porta com cuidado, bem devagar para não me surpreender com o que pudesse ver do outro lado dela. Era a porta de saída do meu mundo calmo e seguro para um mundo mais inseguro, mas mais colorido e sensível. Consegui ver movimento, cores, pessoas, vidas... Vidas de todas as formas. Ouvia sorrisos e choros que se uniam numa forma visível de comunicação, sentia aromas de frutos e de flores e bem lá no fundo conseguia ver sobre o céu azul uma nuvem que dispersava num tom esbranquiçado dando um toque de realidade à imagem irreal que encontrei. Podia dar o passo certo naquele momento. Em frente, para toda aquele mundo fantasiado de emoções que se pintavam em cada vida que se via, ou recuar e manter-me num mundo protegido da insegurança de não saber o que sentir e adormecido de vida. Era decisivo aquele passo e eu, é que iria tomar novamente a decisão. Fervia em mim a vontade de me libertar para o mundo das emoções e correr os riscos de sofrer e os riscos de amar, mas contrabalançava-me o medo de não conseguir sobreviver. O medo de não conseguir superar os sentimentos instáveis que me propunha a viver. Podia ser inconsequente a minha decisão. Pus-me então a pensar... e reparei que se me mantivesse no meu mundo o mais provável era um dia sentir que não vivi o que queria ter vivido. Iria viver na frustração de não ter arriscado ser feliz com medo da dor que poderia ter que conhecer. Não quis pensar mais e atirei-me àquele mundo desconhecido e deixei-me embalar pelas rosas e pelos espinhos que tinha. No meio do sangue que vou derramar neste lento adormecer vou poder sentir o aroma dessas rosas e regozijar-me com a sua beleza...
Dois contra um, ganha a felicidade!

domingo, outubro 23, 2005

Palavras que se escondem!

Fica sempre algo por dizer. Tanta coisa que deixamos por dizer...
Acredito que é apenas a prova de uma cobardia que se usa como escudo mas que se pode tornar na arma de que nos tentamos proteger.
Ainda hoje me calei e fechei dentro de mim o que queria fazer ou dizer... O tempo esgotou-se e não consegui voltar atrás. Certamente me arrependo, mas de que me vale...
O que mais temo com esta cobardia é que uma pessoa pode perder realmente a oportunidade e passar o resto da vida com o peso da culpa de não ter falado. Um minuto de silêncio pode entregar-nos a muito mais tempo de angustia e insegurança por não ter tomado uma atitude quando devia.
Não quero isto para mim! Vou tentar abrir o cofre onde guardei as palavras e entregá-las ao mundo! Ao meu mundo!

Digo meu, porque no Mundo também existe omissão, mas não é a mesma que a minha... Quantos problemas não seriam resolvidos no mundo se falassem mais... Tanta omissão de coisas importantes. E tantos interesses por detrás dessas omissões...
No meu pequeno mundo apenas escondo as palavras por cobardia, mas à minha volta nem sempre é por cobardia...

Sentido dos sentidos

Não quis trocar o prazer ou a paixão pelo conforto e segurança de não sofrer. Optei pelas chamas, mesmo podendo ficar bem mais perto de me queimar, porque quis sentir o calor dessas chamas percorrer o meu corpo para depois ser invadida por um calafrio e talvez até adoecer. Tudo porque estou viva e quero tirar partido do que me rodeia e do que tenho para sentir. Que interessa se não choro se não tenho, também, o prazer de poder sorrir. Que me interessa o abrigo e segurança se não tenho o perigo para me mostrar o quanto preciso desse abrigo.
Se temos o dom de poder saborear temos que provar todos os sabores da vida e para sentirmos o doce de algumas coisas provamos também as amargas. Temos a pele para viver as experiências que a façam sentir viva. Tactear um outro corpo e sentir uma outra pele, uma outra temperatura, uma outra vida. O olfacto que nos faz sentir os aromas do mundo e identificar o que nos transmite mais ou menos prazer. Podemos ver e enxergar as cores e as formas que nos rodeiam... E por fim temos a audição que nos permite escutar a água a cair do céu cinzento, o barulho intenso de uma cidade ou o silêncio de uma rua calma, a música que nos entra pelo corpo para atingir a alma, a voz que sussurra, bem colada ao nosso pescoço, que nos ama...
Temos tanto para sentir, tanta forma de sentir... O vazio só começa quando deixamos de acreditar que vale a pena sentir. Prazer ou dor. É um mundo dos dois e não só de um. Nem existe apenas dor, nem só prazer. Podemos contar com os dois!

quarta-feira, outubro 19, 2005

Uma história de amor!

Apesar de construir determinadas teses sobre a vida, em que supostamente acredito, muitas são as vezes em que as coloquei em causa por não conseguir ver realizadas ou observadas no mundo que me rodeia. Tentar acreditar num mundo cor-de-rosa, cheio de amor, de momentos mágicos que existem apesar do nosso cepticismo, é uma das formas que procuro arranjar para continuar a viver. É a esperança de que tudo tem a sua razão de existir e que o lado negativo só existe para podermos ver o positivo.
Á minha volta, no mundo das outras pessoas tento analisar o sentido de cada um. Avaliando, assim, as outras pessoas, observando os seus estados de espírito e todas as suas faces, consigo abstrair-me das minhas emoções e conseguir projectar a minha razão nas minhas conclusões, sem me perder nas influências que o meu coração insiste em fazer.

Encontrei na história de amor de um amigo meu a prova de que algumas das minhas crenças sobre o amor estavam certas. É claro que cada indivíduo é único, mas de uma forma generalizada posso afirmar que há uma possibilidade de eu estar certa. Hoje posso acreditar com mais confiança nesse meu sonho, e tentar vivê-lo.

O amor cresceu na sua vida, como ele não pensava poder crescer. Para ele o amor tinha que surgir logo no início. Tinha que ser espontâneo. Uma explosão de sentimentos que eclodiam logo nos primeiros momentos com a pessoa certa. Tinha que surgir de uma paixão intensa e ter logo a certeza de que era essa a pessoa certa. Encontrar logo todas as razões para amar sem perceber, pois essa pessoa iria despertar logo todo um conjunto de emoções que posteriormente ele iria chamar de amor. Hoje ele descobriu que afinal estava enganado! O amor poderia surgir do nada. Num pequeno envolvimento, talvez baseado apenas na relação intima, em que se sentia confortável, mas nada mais. Como se sentisse que lhe faltava o tal “clique” com essa pessoa... O tempo e o investimento na relação mostrou-lhe que o verdadeiro amor surgia de todo esse investimento e que hoje conquistava com a parceira uma relação que dificilmente teria com outra pessoa. O entendimento tinha-se criado e hoje sente que não deseja mais ninguém e que a ama. O amor cresceu no seu coração! E agora que se apercebeu de tamanho resultado mais vai aprofundar e dará toda o seu amor de uma forma mais intensa, porque descobriu o amor.

Sempre acreditei que uma relação sólida e apaixonada nascesse assim, mas sempre me desacreditaram e nunca tive muitas formas de provar a minha ideologia. Eu não me posso oferecer como prova... Agora, para além de poder ter observado a constatação da minha crença, vou poder viver acreditando que um dia, quem sabe, também em mim vai crescer esse sentimento partilhado com uma luta saudável pelo conforto de um amor com história.

terça-feira, outubro 18, 2005

O que hoje choro amanha será memória!

Hoje o dia acordou cinzento para mim... Apesar de o sol ter resolvido espreitar o mundo, eu ainda nem sequer olhei para ele. É um daqueles dias em que a melancolia me visita e por mais tentativas de fugas aos pensamentos ruins não me consigo afastar deles. Ainda tentei esboçar um sorriso, mas em pouco tempo se desfez! Nada está a ajudar. Tive um pesadelo à noite, um telefonema que trouxe más recordações, não tenho apetite e estive o dia todo sozinha com os meus pensamentos. Fiz uma viagem às profundezas de uma tristeza guardada e fixei-me nela sem conseguir encontrar o caminho de volta. Para estas alturas sempre afirmei que se deve olhar para todas as pequenas coisas belas da vida, sorrir e sentir o que nos traz mais felicidade. Inspirar uma porção de esperança e esperar que a tristeza passe e que tudo regresse ao normal. Mas talvez também tenhamos que sentir todo o peso da dor e não evitar esse mau bocado. Por vezes precisamos de reconhecer as nossas fraquezas e deixar as lágrimas saírem. Quanto mais as reprimimos mais elas se acumulam e mais dor se sente.
Hoje é o meu dia para chorar! Não sei até quando, mas não há-de ser para sempre…

sábado, outubro 15, 2005

Apagar as luzes para as dúvidas e viver!

No meio de toda a miséria em que, infelizmente, vivemos a nossa vida também temos a sorte de termos imensas razões para andarmos com um sorriso. O mundo pode estar negro e as pessoas cada vez mais serem mais egoístas e más, mas em cada bocadinho da nossa existência podemos encontrar motivos para agradecermos a sorte de podermos viver esses momentos.
Se reparares constantemente somos invadidos por dúvidas. E o que são essas dúvidas? Penso que apenas obstáculos para a felicidade. O que é bom tem que ser vivido independentemente de consequências que tenhamos que suportar. Se tivermos realmente que viver situações mais desagradáveis elas irão ser vividas independentemente de as evitarmos ou não. Por isso se existirem dúvidas para tomar alguma decisão que envolva algum momento de felicidade não vale a pena pensar. Tem que se decidir: Viver! O pior de qualquer decisão cautelosa é o facto de nunca se poder recordar de como teria sido bom ter optado o que o coração nos indicava para fazermos por mero medo ou cautela, porque não vivemos para recordar.
Eu cada vez mais acredito que tem é que se viver enquanto andarmos por cá. Ser feliz em cada oportunidade de o ser, não rejeitar nenhuma oportunidade de poder sorrir, brincar, amar, de nos divertirmos com os prazeres da vida.

sexta-feira, outubro 14, 2005

Falar de nós!

Falar de nós é sempre tão difícil... Pelo menos falar do que escondemos de nós mesmos! Nem todos se conhecem o suficiente para o fazer, nem todos têm confiança ou mesmo personalidade para conseguir libertar e mostrar ao mundo o “eu” profundo em que se refugiam. Quando escrevo escolho sempre as palavras que quero dizer. Posso pensar comigo e, até, ter determinados sentidos das frases que exponho mais relacionados comigo mas, no entanto, escondo muito de mim apesar de não aparentar muito.
Também não criei este espaço para falar de mim directamente, mas mais para partilhar ideias que surjam de pequenas reflexões que vão tomando rumos partilhados por mais pessoas. Todos reflectimos sobre a moral, sobre o conceito de sociedade que nos rodeia e vive connosco desde a nascença, sobre a tristeza e a alegria, sobre a nossa existência e as suas razões. Sobre isso talvez seja fácil falar... pelo menos mais fácil do que falarmos de nós. Não sei! Posso estar enganada...
Cedo vemos como as pessoas se criticam e se julgam umas às outras, mas pouco são aqueles que se auto-avaliam e reflectem sobre eles mesmos. Daí se pode concluir como se aprende facilmente a ver os outros antes mesmo de nos enxergarmos a nós mesmos. Somos seres individuais antes de seres sociais logo não deveria ser essa a nossa atitude. Estamos sempre connosco, nunca nos largamos mas mesmo assim insistimos em olhar para os outros, falar deles e calarmo-nos quando deveríamos falar de nós. Pode ser difícil falar de nós, mas se não o sabemos fazer não deveríamos falar dos outros.
"Cada um sabe de si e só Deus sabe de todos." Porque não levar este ditado muito mais a fundo em vez de o usarmos em vão?

quarta-feira, outubro 12, 2005

Hum...Sentir!

É tão bom sentir... Sentir até o frio que nos arrefece a alma, nem que seja para podermos sentir com mais prazer o calor que nos aconchega. É puro prazer, satisfação do desejo!
Hum... como é bom sentir o corpo molhado e depois satisfazermo-nos com o toque seco da toalha... Como é bom dormir depois do cansaço de um dia, ou de uma noite... Como é bom sentir o aroma, um outro aroma diferente do que habitualmente sentimos...
Adoro tocar na minha pele e sentir, inspirar o ar e senti-lo, sentir, sentir, sentir... sentir que estamos vivos e que um mundo de sensações nos reserva os maiores prazeres da vida.
Pode chover, fazer frio, existir a dor e a tristeza, mas o prazer vem da falta do bom e surge da sua conquista. Por isso é bom!
E é bom sentir a vida a palpitar em dois corpos unidos pelo prazer e desejo de ser um só, alcançar o contentamento e desfalecer nos lençóis num esgotamento que o prazer produziu, depois regressar à conquista e tornar a sentir. É bom viver, mesmo que se tenha que viver tanto doce como amargamente as ofertas da vida!
Hum... Sente como é bom sentir! Sente!
(...)

Egoístas ou altruístas

Podemos ser seres extremamente egoístas ou extremamente altruístas nos nossos sentimentos. O ser humano dá pelo prazer de dar ou simplesmente pelo interesse de dar. Daí surge o confronto das intenções com que podemos tomar as nossas atitudes.

Quando amamos alguém podemos senti-lo pela forma desinteressada com que queremos o bem dessa pessoa. Amar sem razão alguma, meramente porque essa pessoa tem razões que a nossa razão desconhece para ama-la. No entanto, também podemos amar porque essa pessoa tem coisas que nos fazem bem, que queremos, que gostamos de sentir. Não porque essa pessoa existe para o mundo, mas porque essa pessoa existe para nós. Desta forma tudo o que podemos fazer fica equilibrado com o que sentimos antes de fazer, isto é, se o fazemos para agradar, dando desinteressadamente, ou se o fazemos para nos agradarmos a nós, mesmo estando incluído o bem-estar da pessoa.

Para mim a mais bela forma de dar é a que tem com prémio o contentamento da outra parte, em primeiro lugar. Querer o bem do outro sem pensar no nosso. È uma forma pura de agir e de amar!

Posso reflectir esta observação em vários pontos da vida do ser humano, tanto na sua vida activa social, familiar como íntima. Nas relações existem intenções que as antecedem e são essas que as tornam ou não sinceras. No fundo todas as atitudes que tomamos mesmo para o bem-estar de outrem incluem o nosso prazer, de alguma forma, nem que seja o prazer de ver o outro feliz, mas este é um interesse mais altruísta e logo muito mais saudável.

Podemos ser simpáticos no nosso local de trabalho apenas com a intenção de sermos louvados pela nossa atitude ou porque assim o somos e sentimos que as pessoas que nos rodeia o merecem. Podemos ser filhos exemplares porque é uma forma de obtermos enaltecimento pela parte dos nossos pais ou simplesmente porque é uma forma de os fazermos felizes. Podemos ser os amantes mais intensos porque procuramos o nosso prazer ou apenas porque queremos oferecer o melhor de nós ao nosso parceiro.

Em tudo podemos ser egoístas ou altruístas... Assim como o amor também o pode ser!

terça-feira, outubro 04, 2005

A magia que nem sempre queremos ver!

Como é lindo o sol passeando num céu iluminado pela cor azul, mas como também pode ser lindo o céu cinzento que esconde esse sol. Acho que nunca tinha reparado muito bem nisso. Posso admirar o céu pintado de azul como o céu coberto de um cinzento-escuro e deslumbrá-lo na mesma. Posso sentir o prazer da minha pele visitada pelo calor intenso do sol como me satisfazer da mesma forma com a chuva forte caindo do céu. Se eu quiser procurar a beleza no que me rodeia posso encontrar mil e uma formas diferentes em que ela se esconde.

O mundo oferece-nos tanto e por vezes apenas desviamos o olhar para o que nos entristece (como já tanta vez referi...). Não existe sombra sem existir luz!

Talvez nos momentos alegres da nossa vida consigamos enxergar mais coisas belas à nossa volta, mas porque desaparecem elas quando ficamos tristes?
Elas não desaparecem, nós, é que simplesmente deixamos de as ver, ou de reparar nelas.

Quando estou triste os meus poros transpiram tristeza e a minha aura fica de tal maneira contagiada que isso se reflecte na maneira como vou acabar por interagir com o mundo e, por consequência, como o mundo interage comigo. Se, pelo contrário, soluço alegria a minha aura vai-se resplandecer de um toque mágico que enfeitiçará tudo o que me rodeia. Quanto mais triste, mais triste posso ver o mundo e mais triste ficarei. Quanto mais alegre, mais alegre poderei ver o mundo e mais alegrias me surgirão.

Se amanhã acordar e quiser observar a manhã, independentemente da chuva ou do sol, poderei encontrar a magia que ela me quer mostrar. Um pássaro feliz pode sobrevoar as ruas que vejo, todos os dias, pela janela do meu quarto, o vento pode arrastar as folhas das árvores em maravilhosos passos de dança, uma criança pode soltar uma gargalhada inocente e cheia de sonhos e eu ali, simplesmente no parapeito da janela do meu refúgio diário observando o levantar de um novo dia, posso encontrar imensas razões para o receber com um sorriso. Mas se não me pré-dispor a sentir essa magia posso simplesmente ver um pássaro a voar, as folhas caídas no chão e uma criança a rir. Provavelmente vou bocejar e lamentar ter que me levantar e dar inicio a mais um novo dia, como todos os outros. A magia está lá, sempre esteve e sempre estará. Posso querer ver... ou não!

segunda-feira, outubro 03, 2005

Escolhas da vida

Pergunto-me o que valerá a pena... ou o que não... Escolher, tomar decisões, opções... e tudo isso implica saber o que é melhor ou não. E quando não sabemos, o que é que fazemos? É tão difícil... Principalmente sabermos que não há volta a dar a determinadas decisões, ou quando temos que optar entre duas coisas. Uma delas fica para trás e fica sempre a dúvida de como seria se tivéssemos optado pela outra.
Sinto que cada vez mais tenho que escolher... Antes, ainda podia experimentar várias opções e escolhia a partir dessas experiências. Agora surgem-me decisões para ser tomadas que me obrigam a abdicar de determinadas coisas. Todos nós passamos por isso, mas é tão mais fácil quando vemos de longe as decisões dos outros. Quando nos toca a nós, aí sim, sentimos o aperto da dúvida, ou das dúvidas, que ainda é pior.
O tempo passa, crescemos e passamos a ser responsáveis pelas nossas decisões. Somos nós que dizemos sim ou não, que vamos ou ficamos, que desistimos ou lutamos...
Tenho medo! Penso que todos partilhamos o mesmo medo... De perdermos oportunidades, de errarmos, de ficarmos sozinhos...

sábado, outubro 01, 2005

Amar...

Amar... Cedo, aprendemos a amar sem perceber porquê. Penso que a primeira coisa que fizemos quando nascemos, ou mesmo antes, foi amar aquela que nos entregou ao mundo, aquela que nos mostrou o amor, o nosso primeiro amor! Ainda sem consciência do que era aquilo que nos tomava aos poucos começámos a amar, sem sabermos que esse era talvez o amor mais seguro que podíamos ter ao longo e para o resto da nossa vida. Com o tempo começamos a amar mais coisas e, já a certa altura da nossa vida, isso já nos parece ter uma razão de ser, já existe uma consciência da sua existência, mas mesmo assim sem conseguirmos definir o seu significado.

Amar é uma constante na nossa vida e o tempo faz-nos descobrir imensos tipos de amor. Aprendemos a amar, amamos sem querer, somos felizes e somos infelizes! O amor existe e é difícil fugirmos dele. Por mais desilusões, por mais ódio que possamos ganhar o amor presenteia-se a nós e na nossa vida sem nos dar a oportunidade de impedirmos a sua visita.
No entanto, é tão difícil conhecer a sua definição...

Amar é talvez não saber...
É querer sem perceber...
É incontrolável!
O amor não se mede, apenas se sente.
E amor não é maior ou menor.
Simplesmente é ou não é!

Quando a certa altura da vida somos invadidos por esse sentimento descontrolado por alguém, ficamos tão atordoados que deixamos de perceber o mundo como ele se apresentava para nós. Até então apenas conhecíamos as velhas facetas do amor simples e seguro pelas pessoas que nos criavam e que nos aconchegavam o corpo e a alma, nos protegiam. Mas nesse momento em que alguém suscita em nós uma forma de amor mais instável e louca de viver percebemos que afinal nem tudo é como sempre pensámos que fosse!

Tudo muda!
O amor muda-nos.
Queremos mais do podemos.
Custa respirar.
Pensamos demais.
Temos medo.
Desejamos.
E a vida é linda.
E apetece morrer.
É o sentimento mais forte, mais lindo e doloroso.
É prazer.
É tortura!
É, talvez liberdade...
O cárcere da nosso pensamento.

Amar...
Desde sempre e para sempre tão difícil... E tão lindo... Um sentimento incógnito da existência humana! Não vale a pena negá-lo ele vai existir.
Fugir? Para quê? Ele acaba por nos perseguir até que a morte o impeça...