terça-feira, janeiro 17, 2006

Em passos leves...

Vieste lentamente, em passinhos bem leves, como se não quisesses vir... Não compreendia o porquê da tua chegada, assim desta forma, mas deixei-te chegar. Queria sentir o calor que me oferecias, queria arder, também, nessas chamas de vida que explodiam quando nos encontrávamos, mas os porquês chegavam como imperativos e criavam um sismo de emoções, avalanches de medos e dúvidas que me retraíam ao mais belo que podia viver.

Continuaste dando os teus passinhos apesar das quedas que espreitavam a cada avanço teu... Eu era como as nuvens no céu que não deixam passar os raios de sol, escondia o sol e escondia-me a mim própria. E além disso criava as tempestades, os trovões e fazia reinar a confusão.

Sempre fui assim! Nunca me deixei ir...

Um dia incerto olhei para dentro de mim, atravessei as minhas negações e vi-te lá. Nada me causava tanto medo como a presença de alguém no cantinho que tinha guardado só para mim. O único cantinho que continha a segurança do meu ser. Mas já lá estavas e naquele momento percebi que não queria que desistisses da viagem. Aquela viagem, apesar das minhas contradições, representava um passo para a minha libertação. Desejei-a! E todos os meus medos se reverteram para o medo de não conseguir complementar a viagem no sentido inverso. Na tua direcção...

Aprendi que a beleza do mundo não se restringe apenas àquelas paisagens cheias de cor e de vida, com céus azuis e campos verdes cheios de flores. Também pode chover! Relembro a gotinha de água que admirei num momento prematuro da tua existência na minha vida... Guardo esses momentos, mas também guardo as palavras duras que tive que escutar para aprender.

Deixei escorregar lentamente aquele véu que separava o mundo de mim e comecei a vê-lo melhor… Apesar de tudo mais ninguém me vê sem ele como tu consegues ver…

Quem és tu que vens com esses passos bem leves, com essas palavras tão certas, com essas mãos que me acariciam e com esse coração tão quente? Porque vieste?

Talvez não precise de saber… Basta-me saber que existes!

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