quinta-feira, março 31, 2005

Pertenço à noite!

De novo no dia... A luz pesando sobre os meus olhos e sobre todo o meu espírito que abandona o seu estado natural... A noite!
Na noite deito o meu corpo e toda a minha essência. Não só descanso de todo o exercício físico do dia, como das tentativas da minha alma sobreviver a esta vida, dia-após-dia. Repouso os meus pensamentos na mesma almofada que adormece o meu corpo e deixo-me levar pelo instinto... Sonho o que consigo imaginar e o que não consigo. Encontro-me mais perto de mim, de todos os sentimentos que à luz do sol me recuso a sentir, dos medos e receios que só a noite ilumina e revela do meu ser... Nessa noite, que todas as noites me recebe, a tranparência do meu ser deixa-me tão leve que consigo voar e chegar aos destinos que caminhando de dia não consigo.
Cada vez mais, descubro que pertenço à noite e que ela é o meu aconchego, o meu berço, que nela me entrego a mim mesma sem hipócrisias.
É na escuridão solitária da noite que consigo ver a minha cor!

...Tudo o que somos...

São os pormenores que no seu conjunto criam a vida e
tudo o que ela significa. O mundo surgiu porque em determinados momentos do
tempo se foram criando as condições ideais para que este se contruisse. Para eu
estar aqui neste momento muito teve que se conjungar e dar origem a este
momento. Tudo o que me aconteceu a partir do momento que nasci e tudo o que
aconteceu antes de mim originou-me, fez de mim o que sou hoje. Até o planeta x da galáxia y me influênciou, nem que seja por não se ter desintegrado e dado
origem a um meteorito que tivesse chocado na Terra e mudasse o rumo da minha vida, mas influênciou-me. Somos um único ser, cada um de nós, mas no fundo somos um pouco de tudo o que existe. Somos ar, terra, fogo, àgua e tudo o que mais existir mesmo que não tenhamos noção da sua existência. Acabamos por ser um só ser, ou matéria. O nosso corpo é um conjunto de vida que no seu conjunto nos constroi, em que cada célula se torna importante para a nossa existência. Nesse conjunto tornamo-nos algo, que caracterizamos como seres humanos. O conjunto de seres humanos constroi uma sociedade, que convive com outras coisas que no seu conjunto também controiem algo...

Tudo junto constroi tudo o que somos...

quarta-feira, março 30, 2005

Acordar para a vida ou da vida...

Acordo e ouço o mundo lá fora a uivar intensamente os sons de sempre. Os carros passam apressadamente sem sequer sentir a estrada por onde passam... Todos os dias a percorrem e, apesar disso, quase não a conhecem de tão fria e insensível que se torna cada viagem de cada dia de cada pessoa.
O movimento da rua coberto pelo olhar cinzento do céu aumenta e centra-se na cidade. O dia começou! Mais um dia de trabalho, de uma rotina que seguimos já sem reclamar. Toma-se um café "para acordar", e segue-se a vida sem se reparar nela. Tanto movimento na rua e tanto sossego nessas almas inquietas que não conseguem ver nem sentir o que as rodeia pois têm os seus corações fechados...
O cheiro húmido do ar que passeia pelas ruas infiltra-se pelas ranhuras da minha janela. Levanto-me do leito aconchegante que me protegia e preparo-me para deixar os sonhos que vivo na noite, esses a quem entrego todo o meu ser e em que vivo verdadeiramente num mundo onde nada passa ao lado do coração e tudo se sente, tudo se vê! É como se tivesse que abandonar o mundo onde existem sentimentos que aquecem a vida das pessoas e as iluminam mesmo quando o sol não se levanta nos céus.
Lá fora, nessa rua que falo, nem o barulho ou o movimento ou o cheiro se sentem realmente. Tudo parece artificial e tudo o que não for passa despercebido...
Mas afinal, isto é que é viver?
Não creio, mas mesmo assim tenho que me levantar...

terça-feira, março 29, 2005

A Felicidade...

Quem sabe o que é realmente
esse sentimento que todos
procuram incansavelmente neste percurso confuso da
vida? Quem
realmente a sente na sua existência?
A toda a hora a
colocamos causa... Tanto a desejamos como, após a termos, a negamos.
Somos
seres insatisfeitos, seres que se perdem a julgar a vida em vez de
a
admirarem...
Temos o sol que de longe nos
aquece a alma, mas quem se importa... Temos o encanto da lua que nos embala,
mas
quem o sente...
Ontem, enquanto olhava para
uma gotinha de água que escorregava disfarçadamente por uma folha perdida no
meio de tantas outras como ela, reparei que em cada momento se pode
encontrar
uma razão para deixarmos brotar um sorriso. A beleza daquela
pinga
sobre a
folha, podia parecer insignificante mas ao olhar para
ela
de uma
forma curiosa,
reparando no seu brilho, na sua
pureza,
consegui
olhar para
ela com a alma.
Personalizar
nela um
sentimento
mais claro e
mais profundo
que simplesmente
não
via
se simplesmente
olhasse para
ela...
A felicidade é mesmo isso.
Olhar para cada instante da vida com paixão e dispormo-nos a sentir o que
nos
traz como um dom, uma possibilidade de viver mais uma experiência, e mais outra, e outra...
Se
a
felicidade nao vier nessa, virá mais tarde porque seremos ensinados a
recebe-la numa próxima vez. Cada momento que, parcialmente, nos
parece menos
infeliz arrasta-nos para os outros mais felizes.
É uma
questão de
experiência e de a
saber
receber...