terça-feira, dezembro 27, 2005

Sonhos, desilusões... e sorrisos

De luzes apagadas para o mundo, com a janela e a porta bem fechadas, liberto as vozes que murmuram, à muito, dentro de mim o desespero da dor e da espera... Quanto mais cresço mais perco a vontade de continuar! O mundo que me apresentaram de pequenina não se enquadra com o que hoje vou conhecendo. Ando às voltas à procura dos valores e das emoções saudáveis que afirmaram e afirmam que existem e pouco encontro... como pensava que iria encontrar!

Ainda recordo aqueles contos encantados que povoaram a minha infância, aqueles sorrisos cheios de vida que enfeitavam os meus dias, a magia dos momentos em que baloiçava bem alto no parque que já não existe, ainda sinto o cheiro dos doces que me davam apenas para me fazerem feliz... Era um mundo em que a ignorância era a mais saudável fonte de felicidade. Não saber, não conhecer, apenas sentir!

Hoje, ando pelo mundo à deriva deixando para trás os sonhos de criança, perdendo toda a esperança que conquistei!
Entristece-me sentir que cada ser vive sozinho neste mundo apesar da imensidão de seres que com ele partilham o mesmo mundo.
Eu olhava o futuro e imaginava que tudo era possível e que o amor reinava em todos os corações. Queria dar de mim para salvar os animais abandonados, as pessoas com fome ou solitárias, ansiava pelo bem e acreditava que ele podia existir!

Lembro-me perfeitamente da simplicidade dos meus sonhos... Para mim existia um Mundo e por ele desejava e sonhava. Sempre que pedia um desejo, ou pela estrela cadente que atravessava os céus, ou pela pestana que caía na face, o meu desejo era que o mundo fosse apenas feliz. O Mundo, o mundo todo! Não me lembro de pedir apenas para mim. Sempre pensei que para a minha felicidade existir teria que ver tudo à minha volta partilhando esse sentimento... Mas o tempo foi-me mostrando que esse Mundo não existe nessa forma tão harmoniosa e eu perdi as esperanças e a vontade de sonhar...

Às vezes pergunto-me de que vale a minha existência... Por mais que eu dê ou faça algo pelo mundo não consigo ver respostas ou resultados. E nem sempre estou em condições de o poder fazer. Em primeiro tenho que sobreviver a todas as crueldades do mundo e só depois posso dar algo de mim... E é tão difícil sobreviver...

Sabem? Muitas são as vezes em que tento esquecer que o mundo é assim tão frio... Nessas alturas solto um sorriso e tento partilhá-lo. Sinto um prazer enorme quando me apercebo que consegui oferecer um momento leve e saudável a alguém apenas com um simples, mas sincero sorriso... No meio de respostas arrogantes ou que apenas ignoram o meu gesto ainda existe quem o recebe com a mesma intensidade com que o ofereci... Felizmente nessas alturas ainda tenho vontade de continuar!
A maior parte das pessoas nem imagina o quanto se pode fazer alguém feliz com um simples sorriso... Um simples, mas verdadeiro sorriso!

domingo, dezembro 18, 2005

Estou cansada...

Balancei nos braços da tristeza que nunca assumi ter dentro de mim... Senti o vazio em que me consumo sem me aperceber. Ela sempre existiu por mais que a negasse e hoje voltei a encontrá-la!

Não posso negar que por mais que uma pessoa lute para sem manter distante e se abstraia do mundo negro que a envolve não caiamos na tentação de sentirmos tudo de uma forma bem intensa. É muito bonito vermos o mundo todo às cores, imaginarmos que tudo pode ser resolvido, mas nem sempre conseguimos ser racionais e nessas alturas todas as teorias perdem o sentido.

Tenho plena consciência que muitas das minhas acções e interpretações do mundo são directamente influenciadas por essas recaídas na escuridão. Posso viver ignorando as mágoas que me percorrem as veias, mas não consigo controlar as reacções condicionadas pelo influente inconsciente massacrado pela vida. Quantas vezes já me inseri em cenários completamente destorcidos, culpando o mundo e agindo mal perante ele, pelo simples facto de noutras circunstâncias já ter sentido tanta crueldade que me fez perder as esperanças.

Muitas são as pessoas na minha vida que não têm culpa! Mas que hei-de eu fazer a esta dor que me persegue? Como posso eu voltar a acreditar ou a reaver os meus sonhos? Tenho tanto medo de um dia deixar de ter forças... de ficar pelo caminho! Tenho tanto medo!

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Os sonhos...(2)

Todos temos os nossos sonhos, os nossos medos, as nossas frustrações, os nossos segredos... Todos estamos de mãos dadas nesta missão de viver e, ao mesmo tempo que vivemos partilhando essa missão, separamo-nos por todas estas coisas pessoais e só nossas que nos acompanham só a nós...

Eu sonho e sonho e sonho... Adoro sonhar! Faz-me bem à alma, acalma-me e dá-me forças! Acredito que sonhar me pinta a vida e lhe dá magia. Envia para o meu mundo um pouco de música e anima os momentos mais cansados e desmotivados.

Mas pelo mundo fora existe quem não admite que sonhar seja saudável. Existe que rejeite o seu poder imaginativo e sonhador... As razões são muitas... Desde o constante sofrimento e desilusão por esta vida à fraca sensibilidade pela fantasia. Para mim quanto mais rejeitam a magia de sonhar mais frios se tornam esses mundos isolados. Se a vida tem sido cruel mais uma razão para sonhar, para procurar a felicidade, nem que esta apenas exista sob a forma imaginária.

Os sonhos não precisam de se tornar realidade para nos fazerem bem. Eles apenas precisam existir nas nossas mentes. Basta sentir... se acontecerem, melhor!

domingo, dezembro 11, 2005

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Existe!

A felicidade pode ser apenas calma e sossego e a euforia e alegria pode ser apenas uma felicidade enganosa.

Quantas vezes sou envolvida, numa forma contagiante e bem visível, de uma felicidade que não respiro apenas para acreditar que ela existe em tudo o que somos, independentemente do que acontece em nós! Essa não é a felicidade que procuro dia após dia no meu diário de emoções.

Quando, pelo caminho, tropeço na sua magia eloquente, aí sim, sinto todo o meu corpo e minha alma em reacção com o mundo numa forma espontânea e verdadeira. Fico calma e a minha respiração adopta um ritmo suave e saudável... Nada mais me incomoda ou atormenta quando me cruzo realmente com a felicidade.

São esses breves momentos de paz e amor que me preenchem todas as dúvidas e me dão a possibilidade de ser eu mesma sem medos ou complexos. Sim! Porque a felicidade em mim provoca isso. Para ela e nela me dispo e me confesso. Sou livre e consigo voar pelos meus desejos e sonhos sem contradições. Não perco os sentidos, sou fiel a mim e ao mundo!

Mas nem eu nem ninguém a conseguimos ter nos braços por muito tempo. É difícil segui-la e facilmente nos despistamos. Mas ela existe! Ela existe em toda a sua plenitude e pureza. Não vale a pena desistir de a encontrar! Porque ela existe!

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Gotinhas do céu!

Um céu escuro desfazendo-se em lágrimas geladas sobre o mundo desorientado.
Gotinhas do céu que trazem as lamúrias dos que miram a sua infinidade.
Que lavam as almas e congelam em si os males que nos atormentam.
Lágrimas que teimamos em não derramar por orgulho ou cobardia.
Lágrimas que nos tocam mas que não nos acusam.
Gotinhas do céu!

Sente-se o frio e arrefecem-se as vozes que deviam falar.
Contém-se num silêncio profundo o eco dessas gotas com que chocamos.
Fala-se do sol e disfarça-se a escuridão com uma vela que pouco aquece ou ilumina.
Não sabemos chorar como o céu mas não o lamentamos.
E derramamos em nós as maiores desculpas, mas que não são nossas,
Como nossas são essas gotinhas do céu!

Dentro dos corações batem bem fundo perfurando as consciências
Um plim plom que se mistura com as batidas deles mesmos
Ritmo das lágrimas que percorrem o nosso corpo mas que dele não saem
Lágrimas nossas...

Lágrimas da vida
Gotinhas do céu!