quinta-feira, junho 18, 2009

Dançando...

Ouvindo a melodia dos sinais que já não evito entrego-me aos seus encantos e danço ao seu som. Tento seguir o seu compasso mas nem sempre acerto e mesmo assim não me ocorre desistir. Hoje não me apetece falar de nada! Não me apetece discutir comigo as minhas crises existenciais, falar do tempo ou da vida, criar teorias ou sequer conversar com elas... Apetece-me apenas dançar ao som desta melodia que vem de encontro a mim e soltar palavras como uma poesia que brota do nada e se constitui num todo que compreende a liberdade da minha vontade e esta melodia.
Rasgo as folhas que rasurei, pois já não fazem sentido existir. Lavo o corpo e semeio na alma uma nova coragem. Um passo à direita e dois à esquerda. Talvez seja assim que se dança esta melodia. Um passo para trás e dois para frente, roda-se o corpo e confronta-se a inspiração tentando sugerir o improviso. Nada é certo nesta melodia e nada é certo nos seus passos de dança. De olhos fechados para a sentir entrar em mim, de mãos abertas para a tentar agarrar. Balanço o corpo e equilibro a alma e danço, danço, danço esta melodia que não sei de onde veio, como surgiu ou porque me embala. Apenas sei que me sinto bem na sua companhia e danço com ela!!!

domingo, junho 14, 2009

A minha noite...

Uma noite deitada no meu olhar sussurrando-me ao ouvido os segredos de sua música. Nela me invento e conto de novo a minha história. Desfaço a cama e descanso no seu leito de paz. O silêncio é a sua música, as estrelas são sua companhia e eu sou apenas mais um ser que ela invade e tenta descodificar... Dispo-me e deixo-a tocar todo o meu corpo, deixo-a invadir os meus sentidos e descobrir os meus segredos. Num estado de transe sou brandamente domada e solto todas as dúvidas, as questões pertinentes e entrego-me à simplicidade que ela me oferece. Por momentos deixo de pensar e sou apenas guiada pelo seu canto. Essa noite que me atrai e que me conhece como ninguém, essa noite que me desmascara e encontra em mim a luz que se ausenta quando a razão acorda. Essa noite que me encontra quando eu mesma não o consigo fazer...

Sei que questiono e me confundo demais, sei que me enlameio de dúvidas quando me deveria embebedar com emoções. Sei que esta noite representa o meu próprio encontro com as minhas fantasias, é o meu refúgio consciente de uma vida voltada para uma racionalidade chata e aborrecida, e mais que tudo, por mim temida. Sim, eu sei! Mas que posso fazer com esta minha cobardia? Como posso eu combater a minha teimosia em não mostrar ao mundo tudo o que sou? Como posso lutar com os meus medos mais intrínsecos? Como?
A humanidade ensinou-me a esconder-me nesta cortina de racionalidade. Aprendi tão bem que não consigo mais desaprender... O Homem acha-se um ser superior por pensar, mas para mim, todo esse poder de pensar é nada mais que sua morte! A morte de um ser dotado de sentimentos, de emoções e de vida! Podíamos usar este poder para sentirmos ainda mais, mas preferimos usá-lo para deixarmos de sentir... Somos suicidas, homicidas da vida humana, da força do coração e da paixão. Cultivamos a tristeza porque é mais fácil de controlar e, todos os dias, morremos um bocadinho mais!

Por isso eu não tenho medo desta noite que me descobre. Deito-me com ela e deixo-a sugar de mim a minha voz!

sábado, junho 06, 2009

Tudo se transforma

Como as coisas se alteram, as pessoas, as ideias... Como tudo se pode embrulhar e desembrulhar de várias maneiras possíveis. Nada é certo ou definido. Como na lei de Lavoisier "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Tudo se transforma! Nós transformamo-nos, nós contrariamo-nos, nós questionamos as nossas certezas e rebelamo-nos contra elas. Nós afirmamos e negamos, nós queremos e repudiamos. Nós criamos mundos e desfazemo-los, nós dividimos e multiplicamos. Somos o que queremos ser em determinado momento e logo o deixamos de ser. Fantasiamos, inventamos e negamos as ilusões. Choramos e rimos...
Como tudo é vago e pouco concreto... Como tentamos justificar a vida com teorias incertas... Como nos tentamos justificar sem querer aceitar as respostas que menos nos favorecem... Como somos falsos e verdadeiros...
Tudo se transforma de dia para dia, tudo ganha um novo sentido em cada percurso que fazemos. As flores desabrocham e brilham, mas um dia murcham e morrem. O sol nasce e ilumina o céu, mas ao longo do dia vai-se deitando, trazendo a noite.
As incertezas de hoje são as certezas de amanha e tudo se mistura como as cores, as ideias e os sonhos. Tudo se combina e mesmo sem muito sentido ás vezes resulta!