domingo, outubro 23, 2005

Sentido dos sentidos

Não quis trocar o prazer ou a paixão pelo conforto e segurança de não sofrer. Optei pelas chamas, mesmo podendo ficar bem mais perto de me queimar, porque quis sentir o calor dessas chamas percorrer o meu corpo para depois ser invadida por um calafrio e talvez até adoecer. Tudo porque estou viva e quero tirar partido do que me rodeia e do que tenho para sentir. Que interessa se não choro se não tenho, também, o prazer de poder sorrir. Que me interessa o abrigo e segurança se não tenho o perigo para me mostrar o quanto preciso desse abrigo.
Se temos o dom de poder saborear temos que provar todos os sabores da vida e para sentirmos o doce de algumas coisas provamos também as amargas. Temos a pele para viver as experiências que a façam sentir viva. Tactear um outro corpo e sentir uma outra pele, uma outra temperatura, uma outra vida. O olfacto que nos faz sentir os aromas do mundo e identificar o que nos transmite mais ou menos prazer. Podemos ver e enxergar as cores e as formas que nos rodeiam... E por fim temos a audição que nos permite escutar a água a cair do céu cinzento, o barulho intenso de uma cidade ou o silêncio de uma rua calma, a música que nos entra pelo corpo para atingir a alma, a voz que sussurra, bem colada ao nosso pescoço, que nos ama...
Temos tanto para sentir, tanta forma de sentir... O vazio só começa quando deixamos de acreditar que vale a pena sentir. Prazer ou dor. É um mundo dos dois e não só de um. Nem existe apenas dor, nem só prazer. Podemos contar com os dois!

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