sábado, abril 02, 2005

Os nossos dois lados...

Definitivamente somos um ser que se divide entre dois patamares, um que alcança com a razão e outro pelas suas mais puras emoções e necessidades. Para tomar qualquer decisão ou fazer opções o ser humano inclina as suas emoções para uma lado racional que advém de tudo o que aprendeu e viveu em sociedade. Pondera os seus sentimentos e coloca-lhe obstáculos, que a meu ver são uma forma racional de viver. Quando em crianças as decisões são tomadas deliberadamente pelo ser, dentro do que pode optar, sem quaisquer restrições ou visão de possíveis problemas e apenas regidas pela vontade. Ao longo da vida alguém nos vai dizendo o que podemos ou não fazer e com o tempo temos infiltrado em nós um conjunto de regras que influênciam directamente a nossa vida e a forma como a vivemos. Se tal não acontecesse e não existissem essas tais condições para viver seríamos completamente levados pelos momentos e agiriamos conforme a nossa vontade e não a esconderíamos tanto. Talvez encontrássemos nesse modo de viver o verdadeiro significado da liberdade. Quem sabe!
Toda a experiência vivida ao longo da vida se acumula e nos dá rumos diferentes dos desejados porque mudamos as nossas ideias acerca do que queremos consoante o que nos vai acontecendo. Se sofremos por algo tentaremos não passar por isso novamente, se somos felizes tentaremos aproximarmo-nos dessa experiência mais vezes. Ganhamos medo ou coragem para determinadas escolhas da vida. O medo impede-nos de optar pelo sofrimento, ou simplesmente pela possibilidade deste acontecer e a coragem incentiva-nos a arriscar experiências idênticas às que anteriormente nos levaram à felicidade. No fundo, entendo perfeitamente este modo de viver, mas por outro lado revolta-me, visto que muitas das vezes, senão na maior parte, acabamos por não sermos nós mesmos. Tantas escolhas que fiz apartir destes princípios em que não respeitei a minha vontade. Tantas vezes que a omiti, que optei pelo que, segundo tudo o que vivi, me parecia mais certo fazer, mesmo que não fosse essa a minha vontade. Será que não deveriamos mudar a nossa maneira de pensar? Será que não deveriamos largar esse lado racional que tantas vezes nos impede de sermos nós mesmos e de alcançar a felicidade completa do nosso ser? Não será esta vida que criámos o caminho para a frustação, se cada vez mais somos mais idênticos, mais um animal que é comandado pelas regras e que ofusca os seus sentimentos nas suas acções?
Por mim afastava-me dessa razão social que criámos e vivia o que a minha vontade me incentiva a viver. Esquecia a dor que cada momento passado me trouxe e arriscava na luta e insistência em alcançar os objectivos que o meu coração possui sem os julgar pela razão. Mas... Este "mas" que todos temos vem do fundo mais profundo de todos os seres e impede-nos de sermos livres nas nossas escolhas! São palavras como este "mas" que temos que abandonar. Essas são palavras do nosso patamar racional... As do outro patamar deveriam ser mais fortes. Não será o "querer" mais intenso que um simples "mas"?

1 comentário :

Anónimo disse...

a utopia de viver-mos em anarquia , o expoente máximo da liberdade, está mais que provado que nao iria dar certo
não há duas pessoas iguais
e quando tu chocares com outra pessoa a fazer o que tu não queres.... arranjas as tuas regras????